Crítica e explicação do filme Mergulho Noturno (2024)

‘Mergulho Noturno’ afunda antes de flutuar

Foto: Netflix / Divulgação
Compartilhe

Lançado em janeiro de 2024 e afundando (com trocadilhos) recentemente no catálogo da Netflix, “Mergulho Noturno” aproveitou um período do ano em que os estúdios costumam lançar o chamado “horror schlock” — obras muitas vezes não exibidas para a crítica e de qualidade questionável, como Filha do Mal ou Alma Perdida. Essa prática se tornou lucrativa, com o público abraçando a tradição de começar o ano com o que há de pior na indústria.

No entanto, houve uma exceção notável: o sucesso comercial e crítico de 2023, M3gan, da Blumhouse. Este triunfo deu aos produtores a confiança para arriscar novamente no slot de janeiro, resultando em “Mergulho Noturno. Infelizmente, o filme sobre uma piscina maligna não consegue replicar a vitória inesperada de sua antecessora, servindo apenas como um balde de água fria, um imediato retorno à “norma monótona” de antes.

➡️ Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse

Night Swim segue a família Waller — o pai Ray (Wyatt Russell), ex-jogador de beisebol com um diagnóstico de esclerose múltipla (EM) secundária progressiva; a mãe Eve (Kerry Condon), e os filhos adolescentes Izzy (Amélie Hoeferle) e Elliot (Gavin Warren) — em sua mudança para uma nova casa suburbana. A piscina do quintal, inicialmente vista como uma bênção para a fisioterapia de Ray, que começa a mostrar sinais surpreendentes de melhora, rapidamente se revela uma fonte de terror.

Enquanto Ray é curado e gradualmente consumido por uma obsessão, o resto da família experimenta fenômenos perturbadores. Eve se sente compelida a investigar e descobre que a piscina é alimentada por uma nascente subterrânea antiga, capaz de realizar os desejos mais profundos de quem a utiliza, mas com um preço: o sacrifício de uma vida. A verdade emerge: a nascente restaurou a saúde de Ray em troca de um de seus filhos. A trama culmina com a posse de Ray e a luta desesperada de Eve para salvar Elliot da nascente voraz.

➡️ ‘Frankie e os Monstros’: animação fofa diverte e traz temas interessantes para os pequenos
➡️ Vencedor do Festival do Rio 2025, ‘Pequenas Criaturas’ é um filme de alma grande
➡️ ‘Presente Maldito’ e o horror que vem de dentro

Crítica

Mergulho Noturno, adaptado do curta-metragem de 2014 do escritor e diretor Bryce McGuire, é um filme que luta para dar profundidade a um conceito que se encaixaria melhor como um “trash movie” oitentistas, ao lado de títulos como Areia Sangrenta (1980).

O problema central não é a premissa bizarra de uma piscina assombrada, mas a seriedade desconfortável com que o filme a trata, esmagando qualquer potencial diversão brega. A tentativa de adicionar peso emocional e elementos de horror a um mero “o que aconteceria se a piscina fosse maligna” faz o filme afundar rapidamente.

➡️ Quer saber mais sobre filmes, séries e  streamings? Então acompanhe o trabalho do Flixlândia nas redes sociais pelo INSTAGRAMXTIKTOKYOUTUBEWHATSAPP, e GOOGLE NOTÍCIAS, e não perca nenhuma informação sobre o melhor do mundo do audiovisual.

A diluição de um conceito simples

O maior obstáculo de Mergulho Noturno é que ele é uma ideia de cinco minutos esticada para um longa-metragem. Os momentos que funcionariam como um thriller curto e contido — a assombração sutil da água, o corpo que se cura misteriosamente — perdem-se na necessidade de construir uma mitologia. A fraqueza do roteiro é evidente, com apenas cerca de 30 minutos de ação real centrada na piscina.

À medida que McGuire injeta elementos de filmes clássicos como O Iluminado (na obsessão e degeneração do pai) e O Chamado (no backstory de assombrações e sacrifícios), as fragilidades se manifestam. A tentativa de explicação da nascente milagrosa/maligna é entregue em uma cena de exposição incrivelmente “mal atuada e desorganizada”, tornando o absurdo ainda mais palpável. O resultado é mais parecido com os remakes fracassados de J-horror dos anos 2000, como O Chamado ou Espíritos, do que com um B-movie cativante.

Crítica e explicação do filme Mergulho Noturno (2024) - Flixlândia
Foto: Divulgação

Elenco em águas rasas

A presença de Kerry Condon, fresca de sua indicação ao Oscar pelo ótimo Os Banshees de Inisherin, e Wyatt Russell sugere um investimento em atuações de peso. No entanto, ambos são limitados por um material que lhes oferece pouco mais do que arquétipos: a esposa preocupada e o pai disfuncional. Condon, em particular, recebe um papel ingrato, com muito tempo de tela, mas pouca substância para explorar a dimensão da personagem.

A dinâmica familiar, embora intencionalmente explorada com o diagnóstico de Ray (a perda de identidade como atleta), nunca aprofunda o suficiente para que o público se importe com os Waller como algo além de meros peões do horror. O clímax forçado, repleto de regras de última hora, falha em gerar o investimento emocional que o filme desesperadamente tenta evocar.

Coerência perdida e falta de toque

A ausência de um toque mais leve ou, ironicamente, de uma classificação etária mais pesada é sentida. Mergulho Noturno carece de um senso de humor que poderia ter abraçado o ridículo da premissa. Não é assustador, nem engraçado, nem emocionalmente ressonante.

A incapacidade de transformar a piscina em um cenário genuinamente aterrorizante, juntamente com pretextos forçados que impedem a família de simplesmente abandonar a casa, tensiona a credulidade do espectador.

A incoerência da lógica do “mal aquático” — que pode possuir a água de um copo, mas também controlar o trampolim ou a luz subaquática — nunca é resolvida, mas a falta de preocupação do diretor com o world-building é menos ofensiva do que a confusão narrativa.

Explicação sobre o final de Mergulho Noturno

O final de Mergulho Noturno serve para concluir a jornada da família Waller através de um sacrifício e uma subsequente decisão de permanência.

O sacrifício de Ray

O clímax revela que a nascente exige uma troca: a cura de Ray e o retorno à sua antiga glória atlética exigem a vida de uma de suas crianças, especificamente Elliot, que é escolhido por ser o “mais fraco” e menos “promissor” (uma escolha cruel que reflete o sacrifício anterior da família Kay). Possuído pela nascente, Ray tenta afogar Elliot. No entanto, a intervenção de Eve, auxiliada pelo espírito da menina sacrificada anteriormente, Rebecca Fuller, resgata Elliot.

Ao ser libertado do controle da nascente (por Izzy golpeá-lo com um taco de beisebol), Ray finalmente compreende o preço e o significado de sua obsessão. Seu arco de personagem, que começou com o medo de ser um fardo após perder sua identidade como atleta devido à EM, se completa com um ato de amor incondicional: Ray se sacrifica, permitindo que a nascente o leve para satisfazer a demanda por uma vida, mas salvando Elliot e o restante de sua família. Isso reforça a mensagem de que a família é mais importante do que a glória do passado.

O destino da piscina e o legado de Ray

A cena final mostra Eve, Izzy e Elliot, algum tempo depois, observando a piscina sendo completamente aterrada. Eles optam por não vender a casa. Essa decisão, que pode parecer ilógica, é explicada como um ato de responsabilidade e luto: ao permanecerem, eles garantem que a nascente maligna não possa atrair e prejudicar outra família. É um tributo ao sacrifício de Ray e uma forma de proteger a comunidade.

Um vídeo de gravação caseira de Ray, descoberto após sua morte, sela a conclusão emocional, com ele reconhecendo o quanto havia subestimado sua família em sua obsessão por beisebol e saúde.

Sequência em aberto

Embora o arco da família Waller esteja fechado, o filme deixa sutilmente a porta aberta para uma sequência. A ameaça não era a piscina em si, mas a nascente subterrânea que a alimentava. Produtores e diretor sugeriram que a água da nascente pode estar “escorrendo” para outros lugares do bairro.

O diretor Bryce McGuire mencionou ter inserido um “easter egg” que remete a um futuro filme, sugerindo que a mitologia da nascente e outros sacrifícios passados podem ser explorados. Esperamos que não.

Conclusão

Mergulho Noturno é um filme de horror que, apesar de ter um conceito campy e visualmente promissor, não consegue encontrar o tom certo. Não atinge os picos de diversão consciente e ironia de M3gan, nem a profundidade do drama de horror que tenta imitar. Em vez disso, torna-se um exercício cansativo de esticar uma premissa curta, resultando em um enredo diluído e incoerente, especialmente no terceiro ato.

A presença de talentos como Kerry Condon e Wyatt Russell não é suficiente para salvar a produção da Blumhouse. É uma prova de que nem todas as curtas-metragens devem se tornar longas e que o conceito de “piscina maligna” pode ser, ironicamente, muito raso para sustentar um mergulho de 98 minutos. No final das contas, a piscina fica vazia.

Veja o trailer do filme Mergulho Noturno

YouTube player

Onde assistir Mergulho Noturno online (2024)?

O filme “Mergulho Noturno” está disponível para assistir na Netflix.

Quem está no elenco do filme Mergulho Noturno?

  • Wyatt Russell
  • Kerry Condon
  • Amélie Hoeferle
  • Gavin Warren
  • Jodi Long
  • Nancy Lenehan
  • Eddie Martinez
  • Elijah J. Roberts
  • Rahnuma Panthaky
  • Ben Sinclair
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Procuram-se colaboradores
Procuram-se colaboradores

Últimas

Artigos relacionados
Rainha do Carvão resenha crítica do filme Netflix 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Rainha do Carvão’: identidade, pertencimento e o peso do subsolo

Recém-chegado à Netflix, “Rainha do Carvão” (Miss Carbón), novo drama dirigido por...

A Grande Inundação resenha crítica do filme 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘A Grande Inundação’ sofre de dupla personalidade, mas tem seu valor

Sabe quando você dá o play esperando uma coisa e recebe outra...

Nouvelle Vague 2025 resenha crítica do filme Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Nouvelle Vague’: a verdadeira obra de arte nunca está finalizada

Olá, caro leitor! Hoje vamos conversar sobre uma fase extremamente importante e...

10DANCE resenha crítica do filme Netflix 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] Apesar dos estereótipos latinos, ’10DANCE’ é uma experiência visualmente rica

A Netflix resolveu apostar alto no universo das adaptações de mangás BL...

A Empregada 2026 resenha crítica do filme Flixlândia (1)
Críticas

[CRÍTICA] ‘A Empregada’: suspense com Sidney Sweeney e Amanda Seyfried é irregular, mas entrega bom filme

Um dos propósitos de existirem adaptações de livros famosos para o cinema...

Love and Wine resenha crítica do filme Netflix 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Love and Wine’: romance, identidade e vinhos nos cenários da África do Sul

Tendo estreado na Netflix recentemente, “Love and Wine” (2025), comédia romântica sul-africana...