As escolhas artísticas e profissionais de Tom Cruise refletem diretamente em seus projetos. Ao que parece, o queridinho de Hollywood desistiu mesmo de personagens densos, e procurou desafios em outro ponto de sua profissão: as cenas insanas de ação, onde muitas vezes é seu próprio dublê, pendurando-se em aviões, pulando de montanhas e afins.
Em “Missão: Impossível 8 – O Acerto Final”, seu novo (último?) trabalho na franquia que tomou para si, Cruise foca naquilo que é importante para esse estilo de filme: a ação. No caso, uma palavra melhor seria “tensão”.
Sinopse do filme Missão: Impossível 8 – O Acerto Final
Na trama, Ethan Hunt (Tom Cruise) e sua equipe estão em uma missão para encontrar e destruir uma IA conhecida como A Entidade. A viagem ao redor do mundo dá origem a cenas de ação incríveis e mais de uma reviravolta inesperada.
Crítica de Missão: Impossível 8 – O Acerto Final (2025)
Num roteiro de videogame no qual um MacGuffin leva a outro e a outro, as explosões e tiroteios são poucos em relação ao quanto são esticadas aquelas com mergulhos em profundidades absurdas e perseguições de aviões reais.
O mérito da egotrip de Cruise está aí: segurar na cadeira o espectador enquanto pula no meio do oceano apenas com a fé de que será resgatado e – NÃO É SPOILER – todo mundo sabe que será. Mas aqueles momentos entre o salto e o alívio são tudo que uma pessoa quer quando escolhe comprar ingresso para assistir “Missão: Impossível”. A graça nunca é saber o que ele vai fazer, e sim ver ele fazendo.
Outro aspecto do filme é a reverência a todas as outras “Missões” de Cruise, com o retorno de personagens que tiveram minutos de cena nos anteriores. Nos poucos diálogos são citados os feitos de Ethan Hunt de quase todos os longas prévios, flashbacks rápidos para inteirar quem os assistiu. A graça é sempre um sorrisinho meio sonso do protagonista de “nossa, como sou incrível.”
Ah, o roteiro? Uma inteligência artificial senciente está à solta no mundo, espalhando fake news, criando uma religião e dominando o arsenal nuclear de todos os países um a um. Apenas um homem está entre o apocalipse e o mundo que conhecemos: Ethan Hunt. E é isso.
E quem precisa de discussões profundas sobre IA quando vemos Hunt invadir um submarino russo afundado no meio do oceano? Ou se pendurando em aviões bimotores? O espetáculo está ali para ser apreciado como aquilo que é: diversão, e a pergunta “como eles fizeram essa cena?”, pois a aversão à tela verde de Cruise é um dos principais chamarizes de seus filmes
Em algum momento da carreira, Cruise optou ser a estrela de ação em detrimento a papeis como teve em “Magnólia” ou “Jerry Maguire”. Às vezes, erra feio, como em “A Múmia”; em outras, acerta, como em “Top Gun 2 – Maverick” e neste “Missão: Impossível 8 – O Acerto Final”. São escolhas, e já que esta é a dele, que continue entregando espetáculos como este.