Leia a crítica da série Néro, da Netflix (2025) - Flixlândia

A ‘maldição’ da tela: por que ‘Néro’ não cumpriu a profecia

Foto: Netflix / Divulgação
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A Netflix tem se consolidado como um terreno fértil para produções internacionais, e o lançamento de Néro, nova série francesa criada por Ludovic Colbeau-Justin e Allan Mauduit, chega com uma promessa audaciosa: misturar fantasia sombria, drama histórico e ação brutal. Ambientada em um século XVI devastado pela seca e pela caça às bruxas, a produção se destaca por seu visual arrebatador, figurando rapidamente entre as mais assistidas da plataforma.

Com um elenco de peso, encabeçado por Pio Marmaï (o anti-herói Néro) e Camille Razat (a enigmática La Borgne), a série constrói uma atmosfera de desespero e misticismo. No entanto, por trás da fotografia grandiosa e das cenas de combate bem coreografadas, Néro tropeça em seu próprio roteiro, entregando uma experiência que, apesar de promissora, se mostra irregular e aquém do seu potencial.

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Sinopse

Em 1504, o sul da França sofre com uma seca prolongada. Em meio a esse caos, conhecemos Néro (Pio Marmaï), um assassino impiedoso que serve ao manipulador vice-cônsul Rochemort (Louis-Do de Lencquesaing). Néro se vê forçado a confrontar seu passado quando descobre que sua filha, Perla (Lili-Rose Carlier Taboury), é o centro de uma profecia milenar capaz de acabar com a seca.

Perseguido pela Igreja, que vê na magia uma ameaça demoníaca, e pelo fanatismo da seita dos Penitentes, Néro embarca em uma jornada de fuga e redenção. Acompanhado de sua filha e de aliados relutantes como a bruxa La Borgne (Camille Razat) e a rebelde Hortense (Alice Isaaz), ele precisa navegar por um mundo onde a fé se corrompeu, o poder é obtido por meio da traição e a linha entre o bem e o mal é tênue. O clímax se dá com a decisão de Perla, que se sacrifica para cumprir a profecia, restaurando a chuva e expondo a verdade por trás da perseguição à magia.

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Crítica

Néro é, inegavelmente, uma série bela. A direção de arte e a fotografia reconstroem com maestria a aridez e o desespero de um mundo à beira do colapso. Os castelos de pedra, os povoados empoeirados e a atmosfera sombria funcionam como um personagem à parte, reforçando a tensão e a brutalidade da época. As cenas de combate, coreografadas com precisão, são um deleite para os fãs do gênero de ação, remetendo a filmes como John Wick em uma versão medieval.

No entanto, a série se esquece de que o visual não sustenta a história por si só. A tentativa de ser um épico à la Game of Thrones, com intrigas políticas e misticismo, resulta em uma narrativa fragmentada. Néro se perde em subtramas que não se conectam de maneira coesa, e muitos diálogos se tornam meras exposições de fatos.

A sensação é de que estamos assistindo a um filme esticado por oito horas, onde a trama principal avança a passos lentos, mas o cenário e a iluminação continuam grandiosos. A série gasta tempo demais em longas sequências de deslocamento, perdendo o ritmo e a tensão.

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Personagens promissores em textos inconsistentes

O elenco de Néro é talentoso, mas o roteiro raramente lhes permite demonstrar todo o seu potencial. Pio Marmaï entrega um protagonista convincente, um anti-herói contido e atormentado, mas o texto não lhe dá a profundidade necessária para que sua jornada de redenção seja genuinamente emocionante. O núcleo emocional, a relação entre pai e filha, é o ponto mais fraco da série. A conexão entre Néro e Perla é pouco desenvolvida, carecendo de momentos de real intimidade ou progressão dramática que nos fizessem torcer por eles.

Camille Razat, no entanto, é o grande destaque. Sua interpretação da bruxa La Borgne traz um magnetismo e uma ambiguidade que faltam aos outros personagens. Oscilando entre a ameaça e a vulnerabilidade, sua presença é hipnótica e, ironicamente, a bruxa de um olho só se torna a figura mais interessante da trama. Outros atores, como Alice Isaaz e Olivier Gourmet, dão solidez ao elenco, mas são subaproveitados por um roteiro que não lhes dá material para explorar seus arcos narrativos.

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Temas profundos, abordagem superficial

A série propõe uma série de temas complexos: o fanatismo religioso, a corrupção do poder, o preço do sacrifício e a relação entre fé e magia. A seca, que simboliza a perda da conexão entre o homem e a natureza, é uma metáfora poderosa para a opressão da Igreja. A ascensão dos Penitentes, uma seita violenta, expõe como a fé pode ser transformada em uma arma de controle.

Contudo, essas ideias permanecem na superfície. A crítica ao fanatismo é apenas insinuada, e a mitologia da magia é vaga e confusa. A trama faz referências a uma profecia e à luta entre a Igreja e a magia, mas não se aprofunda na lógica interna desse universo ficcional.

O resultado é um enredo que parece cheio de reviravoltas, mas que não oferece substância para sustentar o desfecho. O sacrifício final de Perla, que deveria ser um momento de catarse, soa mais como uma solução conveniente do que como o clímax de uma jornada bem construída, deixando o espectador confuso e emocionalmente desinvestido.

Conclusão

Néro é uma série visualmente ambiciosa que, infelizmente, se perde na execução de sua própria história. Apesar do esforço de seu elenco e da impecável produção, a narrativa é prejudicada por um roteiro que peca pela falta de profundidade e por um ritmo inconsistentemente lento. O que poderia ter sido um épico sobre a redenção de um homem e a restauração de um mundo se transforma em um passeio visual com pouca emoção.

Para quem busca um drama de época com sequências de ação e uma estética sombria, Néro pode ser um entretenimento válido. Mas para aqueles que esperam uma história coesa e memorável, com personagens de quem se pode gostar de verdade, a série deixa a desejar, falhando em cumprir a promessa de sua premissa.

Onde assistir à série Néro?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Quem está no elenco de Néro, da Netflix?

  • Pio Marmaï
  • Alice Isaaz
  • Olivier Gourmet
  • Louis-Do de Lencquesaing
  • Camille Razat
  • Yann Gael
  • David Talbot
  • Lili-Rose Carlier Taboury
  • Max Baissette de Malglaive
  • Noam Morgensztern
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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