“Passagrana”, o novo filme nacional dirigido por Ravel Cabral, foge do padrão das comédias populares ou biografias de personalidades, o longa mistura ação e humor com uma trama ousada.
Com um elenco carismático e um roteiro que brinca com metalinguagem e a realidade social brasileira, “Passagrana” promete divertir enquanto provoca reflexões sobre desigualdade e sobrevivência.
Sinopse do filme Passagrana (2024)
Zoinhu (Wesley Guimarães), Linguinha (Juan Queiroz), Mãodelo (Elzio Vieira) e Alãodelom (Wenry Bueno) são amigos de infância que sobrevivem aplicando pequenos golpes nas ruas de São Paulo. Cansado de viver à beira do perigo, Zoinhu decide que é hora de arriscar algo maior.
Quando se envolvem com Britto (Caco Ciocler), um policial corrupto, os quatro amigos se veem forçados a bolar um audacioso plano para roubar um banco e quitar uma dívida com o criminoso.
O plano, no entanto, ganha contornos inusitados: Zoinhu recruta um grupo de atores amadores para “encenar” o assalto, sem que saibam que o crime é real. Entre enganos, riscos e cenas hilárias, o grupo enfrenta dilemas morais e tenta escapar das armadilhas que criaram.
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Crítica de Passagrana, do Disney+
Ravel Cabral entrega uma obra que surpreende por sua originalidade e irreverência. A proposta metalinguística – com personagens-interpretando-personagens – é um dos pontos altos do filme, proporcionando momentos de humor inteligente e situações absurdas. O elenco principal, liderado por Wesley Guimarães, demonstra uma química que torna a jornada dos quatro amigos leve e cativante.
No entanto, nem tudo é perfeito. Apesar do potencial dos personagens, o roteiro deixa a desejar no desenvolvimento de Mãodelo e Alãodelom, que acabam ofuscados pela dinâmica entre Zoinhu e Linguinha. Além disso, a tentativa de inserir um romance entre Zoinhu e Joana (Giovanna Grigio) soa forçada e desnecessária, desviando o foco do enredo principal.
O vilão Britto, interpretado por Caco Ciocler, traz uma atuação competente, mas peca pela caricatura excessiva. A narrativa, por sua vez, sofre com transições abruptas, como a passagem dos pequenos golpes para o plano do assalto ao banco, que carece de maior coerência e preparação.
A falta de profundidade nas questões sociais abordadas – como a desigualdade e a corrupção – também impede que o filme alcance um impacto mais duradouro.
Ainda assim, “Passagrana” se destaca pela criatividade e pelo uso bem dosado de humor e ação. A trilha sonora, com ritmos de funk e hip hop, e a direção ágil colaboram para criar uma atmosfera dinâmica e envolvente. Mesmo com seus tropeços, o filme é um passo significativo para diversificar o cenário do cinema nacional.
Conclusão
“Passagrana” é uma produção que ousa explorar novos caminhos no cinema brasileiro. Apesar de problemas no roteiro e na construção de personagens, o filme conquista pela originalidade e pelo carisma do elenco. Ravel Cabral demonstra coragem ao entregar uma obra que mistura comédia, ação e crítica social sem perder o tom leve e divertido.
Recomendado para quem busca uma experiência diferente e quer rir enquanto reflete sobre as contradições do Brasil, “Passagrana” é uma grata surpresa. Fica a expectativa para que futuras produções do diretor explorem mais a fundo o potencial de suas ideias e personagens.
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