O sexto episódio de Pluribus, intitulado “PDH” (sigla para “Proteína Derivada de Humanos”), é um novo marco para a série de ficção científica de Vince Gilligan. Após a conclusão chocante de “Tem Leite” na semana anterior, onde Carol Sturka (Rhea Seehorn) descobriu algo horrível no depósito da Agri-Jet, este capítulo age tanto como uma confirmação sangrenta quanto uma rápida deflação cômica dessa revelação.
Escrito por Vera Blasi e dirigido por Gandja Monteiro, “PDH” nos tira da monotonia de Albuquerque, transportando Carol – e o público – para a extravagante e assustadora Las Vegas, injetando novo ritmo e algumas revelações críticas no enredo. O episódio não tem medo de atropelar o próprio twist principal, mas o faz de uma maneira que mantém a trama em movimento e a construção de mundo ainda mais fascinante.
Sinopse
O episódio começa exatamente onde o anterior parou, com Carol cambaleando após descobrir corpos humanos esquartejados, embalados a vácuo e congelados em um armazém, ao lado de um moedor de carne “do tamanho de um ônibus” e grandes tachos de cozimento. Determinada a não confiar nos “Outros” para entregar seu vídeo incriminatório, ela decide dirigir até o sobrevivente não-infectado mais próximo: Mr. Koumba Diabaté (Samba Schutte), que está vivendo no luxuoso Verona Sky Villa no Westgate Hotel em Las Vegas.
Carol chega para alertar Koumba sobre o PDH (o consumo de carne humana pelos Joined para evitar a fome), apenas para descobrir que ele já sabe, tendo perguntado diretamente aos Joined sobre o “leite”. Koumba não só sabe, como mostra a Carol um vídeo explicativo hilário, com a presença surpreendente e carismática de John Cena (agora um Joined), detalhando o dilema calórico da Coletividade e como eles consomem corpos de pessoas já mortas para obterem essa proteína essencial.
O encontro, que inicialmente parecia uma aliança, revela-se tenso. Koumba expõe que ele e os outros sobreviventes têm feito reuniões por Zoom – das quais Carol foi intencionalmente excluída por seu comportamento. No entanto, Koumba também revela uma notícia que traz um alívio imenso para Carol: os Joined descobriram que não podem convertê-los sem o seu consentimento expresso, pois o processo exige a coleta invasiva de células-tronco da medula óssea. Carol imediatamente liga para os Joined para confirmar, recebendo a resposta afirmativa nos letreiros eletrônicos de Vegas e, em seguida, recusando formalmente o procedimento.
Paralelamente, o episódio volta no tempo para nos mostrar Manousos Oviedo (Carlos-Manuel Vesga) no Paraguai, o sobrevivente mais recluso. Ao receber o primeiro vídeo de Carol com seu discurso inflamado, ele é motivado a sair de seu bunker e aparentemente se dirige para Albuquerque, o que sugere um futuro encontro com Carol.
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Resenha crítica do episódio 6 de Pluribus
😵💫 O tonal Whiplash e a deflação do twist
O que poderia ter sido o clímax de uma temporada é resolvido em minutos. Gilligan e sua equipe não deixam a plateia digerir por muito tempo o horror da descoberta de Carol. A abertura à la Bruxa de Blair, com a câmera tremendo e o close no rosto de Rhea Seehorn, é rapidamente desfeita pela cena de Las Vegas, onde Koumba está vivendo sua fantasia de James Bond em um cassino de mentira.
O contraste entre o frio macabro do armazém de partes de corpos e o calor exuberante e falso do penthouse de Vegas é o ponto alto do episódio. É um exemplo perfeito de como Pluribus consegue equilibrar o horror de ficção científica mais sinistro com uma comédia absurda e inteligente. A revelação de que todos já sabiam sobre o PDH, e a forma como John Cena atua como porta-voz do canibalismo da Coletividade, são a cereja no topo do bolo. É uma jogada ousada que evita o arrastamento de um enredo de “tentativa de provar o óbvio”, mantendo a narrativa fresca e focada nas tensões interpessoais e morais.
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🤩 John Cena e a humanização da Colmeia
A aparição de John Cena é a surpresa e o momento mais hilário do ano na televisão. Ele não é apenas o porta-voz do canibalismo – ele é o rosto charmoso, razoável e incrivelmente informativo da Coletividade. Ao explicar de forma franca que o PDH é apenas uma necessidade calórica devido à estrita política dos Joined de não matar ou interferir com qualquer forma de vida (o que inclui arrancar plantas), o episódio injeta profundidade na motivação dos “vilões”.
Os Joined não mentem, mas o episódio brinca com a ideia de que essa verdade, vinda de alguém como John Cena, é mais fácil de engolir para pessoas como Koumba. O Joined John Cena é a encarnação perfeita da “Colmeia” alimentando o algoritmo de Diabaté, oferecendo-lhe conforto em vez de uma verdade desconfortável. Essa dinâmica — a negação de Koumba baseada na conveniência, versus o ceticismo de Carol — espelha de forma brilhante a nossa própria realidade de aceitar informações de influencers ou autoridades, mesmo quando o bom senso aponta para o absurdo.
💔 O dilema do consentimento e a solidão de Carol
O episódio avança a construção de mundo com a notícia mais importante de todas: os Joined precisam de consentimento para converter os últimos sobreviventes. Isso, por um lado, dá um alívio enorme para Carol, tirando-a do plot de “estar prestes a ser transformada” e permitindo-lhe, inclusive, ligar para a Coletividade e dizer um sonoro “não”. Por outro lado, a Coletividade (que tem as mentes mais brilhantes do mundo sob seu controle) certamente continuará a buscar uma brecha ou uma nova forma.
A grande revelação pessoal é a exclusão de Carol do grupo de sobreviventes. Koumba, o hedonista que todos julgavam ser o maior ingênuo, é, na verdade, alguém que está em contato com os outros, discutindo ativamente a situação. A reação de Carol ao saber que foi excluída por ser muito “dramática” (e por não incluir falantes de outras línguas em sua viagem a Bilbao) é palpável e dilacerante. A misantropia de Carol finalmente se volta contra ela, revelando sua profunda solidão. Ela está disposta a lutar pelo que é certo, mas está a ser forçada a fazê-lo sozinha.
O episódio conclui com a promessa de uma aliança inusitada: Manousos, o mais recluso dos sobreviventes, recebe o vídeo de Carol e, finalmente motivado, decide sair de seu refúgio, estabelecendo o palco para um emocionante e potencialmente explosivo final de temporada.
Conclusão
“PDH” é um episódio que, em vez de pisar no freio, acelera de forma não-linear, subvertendo as expectativas. Ele elimina rapidamente a grande reviravolta do canibalismo para se concentrar nas tensões morais e na luta pela autonomia. O episódio aprofunda a crítica social que Pluribus vem construindo — sobre a facilidade com que as pessoas aceitam a fantasia de uma vida “perfeita” (Koumba) e a frustração de lutar por uma verdade que ninguém quer ouvir (Carol).
Graças à mudança de cenário, ao hilário cameo de John Cena, e às revelações sobre a transmissão do vírus e o clube de sobreviventes, Pluribus ganha novo fôlego para sua reta final. A solidão de Carol e o surgimento de Manousos garantem que os três episódios restantes serão cheios de momentos de personagens poderosos e potencialmente grandes revelações. A série prova mais uma vez que sabe equilibrar o mistério sinistro com a comédia sombria, deixando-nos ansiosos para ver a colisão de Carol e Manousos.
Onde assistir à série Pluribus?
Trailer de Pluribus (2025)
Elenco de Pluribus, da Apple TV
- Rhea Seehorn
- Carlos-Manuel Vesga
- Karolina Wydra
- Miriam Shor
















