Adaptar histórias já consolidadas é algo bem difícil. Antes do último quadrinho ser lançado, Scott Pilgrim já estava gravado e embalado para tomar os cinemas. Conhecido como “o filme mais esperado da história que ninguém foi ver”, o longa-metragem de 2010 adapta de forma fiel a mídia original, cortando o que podia ser cortado e mantendo o espírito millenial da obra impressa. Virou cult.
Então, a Netflix acenou com alguns dólares e Bryan Lee O’Maley, o autor – provavelmente precisando trocar de carro – aceitou. Assim acertaram a produção de um anime baseado no baixista porradeiro. A ideia era incrível: recontar a história com um traço parecido com o do desenhista/roteirista.
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Vale a pena ver Scott Pilgrim: A Série?
Com os recursos de uma animação, a história estaria em seu habitat natural, sem os riscos de atores de live-action se sentirem ridículos com o nonsense dos efeitos especiais. E o elenco original, super elogiado e carismático, também iria voltar. “Scott Pilgrim: A Série” (Scott Pilgrim Takes Off) tinha tudo para dar certo. Mas não deu.
Primeiro, vamos ao único elogio: a qualidade da animação. O traço, a fluidez e os efeitos estão sensacionais. Porém, o humor sarcástico foi limado, os diálogos espertinhos sumiram, as lutas ficaram entediantes. Não se pode culpar o roteiro: como O’Maley falou em entrevistas, não fazia sentido entregar a mesma história dos quadrinhos e do filme de novo.
Sim, é um argumento válido. Nesse quesito, a mesma crítica que muitos fizeram para “Os Últimos Jedi” (2017) pode ser aplicada ao anime: tudo que era esperado é subvertido, e nada novo é entregue. Os coadjuvantes que tinham arcos pequenos antes agora são praticamente largados.
Sem sentido ou cuidado
O que era uma história de amadurecimento que usava os ex-namorados de Ramona como metáforas do aprendizado, vira um conto de detetive que as pistas vão sendo jogadas sem muito sentido ou cuidado, e sua resolução vem forma que apenas um emoji de “hãn” poderia representar o sentimento.
O que fazia funcionar a primeira história eram principalmente as regras diegéticas que era automaticamente reconhecíveis por quem joga videogame ou lê quadrinhos. Poderes, truques e afins tinham um porquê. Já em “Scott Pilgrim: A Série”, algo começa apenas para terminar com um gosto agridoce.
Anime de Scott Pilgrim terá segunda temporada?
Os produtores já avisaram que não haverá segunda temporada, mesmo com o gancho escancarado da cena final. Para ir de nenhum lugar a lugar nenhum de novo, talvez seja melhor. Por fim, assista o longa ou compre o quadrinho.
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Onde assistir ao anime Scott Pilgrim: A Série (2023)?
O anime “Scott Pilgrim: A Série” estreou em 17 de novembro de 2023, no catálogo da Netflix.
Trailer do anime Scott Pilgrim: A Série, da Netflix (2023)
Scott Pilgrim: A Série – elenco do anime da Netflix (2023)
- Michael Cera
- Mary Elizabeth Winstead
- Satya Bhabha
- Kieran Culkin
- Chris Evans
- Anna Kendrick
- Brie Larson
- Brandon Routh
Ficha técnica do anime Scott Pilgrim: A Série, da Netflix (2023)
- Título original da série: Sagrada Familia
- Criação: BenDavid Grabinski, Bryan Lee O’Malley
- Direção: Abel Gongora
- Roteiro: BenDavid Grabinski, Bryan Lee O’Malley
- Gênero: anime, ação, aventura
- País: Estados Unidos, Japão, Canadá
- Ano: 2023
- Temporada: 1
- Episódios: 8
- Duração: de 26 a 29 minutos
- Classificação: 12 anos
2 thoughts on “‘Scott Pilgrim: A Série’ tenta inovar, mas não entrega nada novo”