Crítica da série 'Sob a Escuridão do Sol', da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

Muito além das flores: o jogo de poder em ‘Sob a Escuridão do Sol’

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As produções francesas de suspense têm um charme particular, uma capacidade de mesclar beleza poética com uma tensão psicológica quase sufocante. “Sob a Escuridão do Sol”, a nova minissérie que rapidamente escalou o top 10 da Netflix, é um exemplo primoroso dessa fórmula.

A série nos convida para um cartão-postal ensolarado da Provença, com seus campos de lavanda e mansões de pedra, apenas para revelar que, sob essa luz dourada, se escondem as sombras mais densas de uma família disfuncional, onde cada segredo guardado é uma arma apontada para o futuro.

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Sinopse

A trama acompanha Alba (Ava Baya), uma jovem mãe solteira que, fugindo de um passado violento, busca um recomeço. Ela consegue um emprego sazonal em uma suntuosa fazenda de flores, um lugar que parece oferecer a paz que tanto almeja. A tranquilidade, no entanto, dura pouco.

O patriarca da família Lasserre, Arnaud (Thibault De Montalembert), é brutalmente assassinado, e Alba, a forasteira recém-chegada, se torna a principal suspeita. O que já era uma situação delicada se transforma em um pesadelo quando uma revelação vem à tona: Arnaud a incluiu em seu testamento meses antes, identificando-a como sua filha e herdeira de uma parte considerável da fortuna.

Agora, Alba precisa lutar não apenas para provar sua inocência, mas para sobreviver em um ninho de víboras onde todos têm motivos para desejá-la fora do caminho.

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Crítica

O maior trunfo de “Sob a Escuridão do Sol” é, sem dúvida, sua atmosfera. A direção de arte e a fotografia constroem uma Provença que é quase uma personagem em si mesma: idílica, vibrante e banhada por um sol que parece purificador. No entanto, essa beleza estonteante serve como um contraponto cruel à podridão moral que se desenrola.

A câmera passeia por vinhedos e campos floridos com a mesma naturalidade com que revela um ato de chantagem ou uma conspiração sussurrada entre taças de vinho. O título internacional, Under a Dark Sun, traduz perfeitamente essa dualidade. A série demonstra que a luz mais intensa é também a que projeta as sombras mais longas e assustadoras, transformando o cenário paradisíaco em uma prisão dourada de mentiras e violência.

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Cena da série 'Sob a Escuridão do Sol', da Netflix (2025) - Flixlândia (1)
Cena da série ‘Sob a Escuridão do Sol’ (Foto: Netflix / Divulgação)

A força das atuações em meio ao caos familiar

Um roteiro com tantas reviravoltas precisa de um elenco sólido para ancorar a narrativa, e aqui a série não decepciona. Ava Baya entrega uma protagonista complexa, equilibrando com precisão a fragilidade de uma vítima e a força resiliente de quem já foi moldada por cicatrizes antigas. Sua ambiguidade é essencial para manter o espectador em dúvida sobre sua total inocência.

Contudo, é a lendária Isabelle Adjani, no papel da matriarca Beatrice, quem rouba a cena. Com uma elegância glacial e uma autoridade magnética, ela personifica a hipocrisia da família Lasserre, capaz de ler um elogio fúnebre gerado por ChatGPT no funeral do marido com uma indiferença desconcertante.

Guillaume Gouix, como o herdeiro atormentado Mathieu, completa o núcleo central com uma performance que transita entre a fraqueza e a culpa, peça fundamental no quebra-cabeça familiar.

Quando a trama tropeça nos próprios segredos

Se por um lado a série acerta no ritmo acelerado e na atmosfera, por outro, ela por vezes se torna vítima da própria ambição. O mistério inicial, “quem matou Arnaud?”, gradualmente cede espaço a uma avalanche de reviravoltas que, em certos momentos, sacrificam a verossimilhança em prol do choque.

A narrativa se desdobra de forma tão frenética que algumas subtramas e motivações parecem apressadas ou convenientemente resolvidas, como a atuação questionável da polícia ou o surgimento de personagens que funcionam mais como engrenagens para mover a história do que como figuras orgânicas.

A série exige que o espectador aceite certas improbabilidades para que a engrenagem do suspense continue girando, o que pode frustrar aqueles que buscam uma lógica mais rigorosa. O enredo, ao tentar ser complexo, flerta perigosamente com o convoluto, abandonando pistas promissoras para introduzir novas camadas de segredos de forma quase atropelada.

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Conclusão

“Sob a Escuridão do Sol” é um thriller de dualidades. É ao mesmo tempo belo e perturbador, inteligente e, por vezes, falho em sua lógica. Apesar de seus tropeços no roteiro, a série se sustenta pela força de suas atuações, pela atmosfera envolvente e por uma trama que, mesmo com suas inverossimilhanças, consegue prender a atenção até o fim. A resolução não oferece uma catarse moral tradicional, mas sim um pacto de silêncio amargo, perfeitamente alinhado com o tema central da podridão que se perpetua sob uma fachada de respeitabilidade.

Para os fãs de dramas familiares sombrios e suspenses psicológicos que valorizam mais a jornada tensa do que um destino perfeitamente coerente, a série é uma experiência viciante. Ao final, fica a sensação de que a Provença nunca pareceu tão linda… e tão perigosa.

Onde assistir à série Sob a Escuridão do Sol?

A série está disponível para assistir na Netflix.

Assista ao trailer de Sob a Escuridão do Sol (2025)

Elenco de Sob a Escuridão do Sol, da Netflix

  • Isabelle Adjani
  • Ava Baya
  • Guillaume Gouix
  • Louise Coldefy
  • Thibault de Montalembert
  • Claire Romain
  • Simon Ehrlacher
  • Max Harter
  • Redouanne Harjane
  • Nicolas Vaude
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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