Confira a crítica do filme "Straight", drama mexicano de 2025 com Alejandro Speitzer disponível para assistir no Prime Video
Críticas

‘Straight’ é um retrato íntimo do armário moderno

Compartilhe

Adaptações teatrais para o cinema sempre enfrentam um dilema: manter a força da palavra dita em cena fechada ou expandir-se na linguagem visual que o audiovisual permite. “Straight”, filme dirigido por Marcelo Tobar, tenta equilibrar essas duas propostas ao adaptar para as telas a aclamada peça homônima de Scott Elmegreen e Drew Fornarola.

Com apenas três personagens, a narrativa gira em torno de conflitos internos, dilemas morais e escolhas que vão muito além do amor. É sobre identidade, medo, desejo e expectativas — tudo condensado em um cenário único, claustrofóbico e simbólico: o apartamento de Roberto.

Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse do filme Straight (2025)

Roberto (Alejandro Speitzer) é um banqueiro de 32 anos com uma carreira de sucesso, uma rotina intensa e uma namorada talentosa, Elia (Bárbara López), com quem está há seis anos. Ele tem tudo o que se esperaria de um “homem bem-resolvido”.

Porém, em paralelo à sua vida planejada, mantém encontros casuais com Cris (Franco Masini), um jovem de 20 anos que conhece em um aplicativo de relacionamentos gay.

O que começa como um envolvimento despretensioso se transforma em um espelho incômodo de sua própria verdade, colocando em xeque não só sua sexualidade, mas o sentido de sua vida como ela é construída.

Você também pode gostar disso:

+ ‘A Influencer Divina’ tropeça na própria mensagem

A delicada lição de ‘Como Ganhar Milhões Antes Que a Vovó Morra’

‘Operação Vingança’ aposta no anti-herói e no poder da mente

Crítica de Straight, do Prime Video

Marcelo Tobar decide abraçar a origem teatral da obra, optando por uma encenação fechada, onde quase toda a ação se passa no apartamento de Roberto. A fotografia é cuidadosa, os planos longos ajudam a criar a sensação de peça filmada e a música de Rodrigo Dávila pontua bem os momentos de maior tensão emocional.

No entanto, essa fidelidade ao palco traz um custo: a narrativa, por vezes, parece distante, como se estivéssemos observando os personagens de fora de um aquário. Falta, em certos momentos, tridimensionalidade emocional — uma profundidade que o cinema poderia explorar melhor com recursos visuais e linguagem de câmera mais ousada.

Diálogos entre o clichê e a honestidade

O roteiro, que tenta atualizar a trama ao contexto mexicano contemporâneo, oscila entre acertos sutis e frases previsíveis. Há bons momentos de humor e autocrítica, especialmente nas interações iniciais entre Roberto e Cris, mas também há passagens que parecem coladas de manuais dramáticos sobre “o dilema do armário”.

Em tempos de avanço na visibilidade LGBTQ+, é válido questionar: ainda é relevante falar sobre homens que vivem uma vida dupla? A resposta é sim — justamente porque, apesar de todo o progresso, o preconceito persiste, assim como a heteronormatividade que empurra tantos para esse lugar de silêncio.

Trio central: química desigual, atuações competentes

O elenco reduzido funciona como uma lente de aumento emocional. Alejandro Speitzer, que interpretava o jovem amante no teatro, agora assume o papel do homem dividido, e entrega uma performance contida, mas marcada pela insegurança de quem não sabe onde pertence.

Bárbara López brilha como Elia, equilibrando fragilidade e força em uma personagem que poderia facilmente cair na caricatura da namorada enganada. Já Franco Masini, o argentino que interpreta Cris, traz leveza e um certo frescor, embora sua química com Speitzer oscile em intensidade — talvez pelo tom desigual da direção nas cenas mais íntimas.

Uma história necessária, mas deslocada no tempo

Apesar da relevância do tema, “Straight” carrega a sensação de ser uma obra que teria causado mais impacto em outra década. Em um cenário cinematográfico onde narrativas LGBTQ+ têm ganhado complexidade e pluralidade, o filme parece repetir conflitos já debatidos, sem oferecer uma nova camada de leitura.

Ainda assim, a força do subtexto permanece: existe algo de dolorosamente atual em ver um homem bem-sucedido, amado e respeitado, sufocado pelas expectativas impostas sobre ele — seja pela sociedade, pela carreira ou pelos afetos.

Acompanhe o Flixlândia no Google Notícias e fique por dentro do mundo dos filmes e séries do streaming

Conclusão

“Straight” é, ao mesmo tempo, uma peça de teatro dentro do cinema e um estudo íntimo sobre escolhas silenciosas. Não é uma obra revolucionária, tampouco um drama arrebatador. Mas é um filme necessário, especialmente por expor que, mesmo em tempos de maior liberdade e diversidade, ainda há muitos que vivem no limite entre quem são e quem precisam fingir ser.

Marcelo Tobar entrega um trabalho digno, ainda que com limitações narrativas e estéticas. O mérito está em trazer à tona, em tela grande, um debate que muitas vezes é deixado para os bastidores. Pode não agradar a todos, pode parecer datado para alguns, mas com certeza vai ressoar em muitos — e isso, no fim, é o que faz o cinema existir.

Siga o Flixlândia nas redes sociais

Instagram

Twitter

TikTok

YouTube

Onde assistir ao filme Straight?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Trailer de Straight (2025)

Elenco de Straight, do Prime Video

  • Lara Silva
  • Jason Burkey
  • Micah Lynn Hanson
  • Jesse Metcalfe
  • Joseph Callender
  • Sarah Stipe
  • Rebecca Koon
  • Princess Elmore
  • Kristen Grace Gonzalez

Ficha técnica do filme Straight

  • Título original: Straight
  • Direção: Shari Rigby
  • Roteiro: Susannah Eldridge, Claire Yorita Lee, Suzanne Niles
  • Gênero: romance, drama
  • País: Estados Unidos
  • Classificação: 12 anos
Escrito por
Giselle Costa Rosa

Navegando nas águas do marketing digital, na gestão de mídias pagas e de conteúdo. Já escrevi críticas de filmes, séries, shows, peças de teatro para o sites Blah Cultural e Ultraverso. Agora, estou aqui em um novo projeto no site Flixlândia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Últimas

Artigos relacionados
Críticas

Rosario: quando o terror assusta pelo estereótipo batido

Estreando no cinema de longas-metragens, o diretor Felipe Vargas propõe em ‘Rosário’...

Crítica do filme A Seita, com Eric Bana, da HBO Max (2025) - Flixlândia (1)
Críticas

‘A Seita’ é um ritual sem sentido

Em meio a uma enxurrada de thrillers psicológicos que buscam explorar as...

Crítica do filme A Mãe e a Maldição, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

‘A Mãe e a Maldição’ tenta ser muitas coisas, mas não consegue nenhuma delas

O cinema de horror indiano tem experimentado um renascimento fascinante nos últimos...

‘O Último Azul’ filme com Rodrigo Santoro é aplaudido durante estreia no Festival de Berlim 2025
Críticas

‘O Último Azul’: drama brasileiro discute etarismo e muito mais

São tantas camadas a serem discutidas em “O Último Azul” que uma...

Leia a crítica do filme Um Homem Abandonado, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

‘Um Homem Abandonado’ e a luta por uma segunda chance

A produção cinematográfica turca tem ganhado um espaço cada vez maior nas...

Leia a crítica do filme Faça Ela Voltar (2025) - Flixlândia
Críticas

‘Faça Ela Voltar’ e o peso da obsessão

Os irmãos Danny e Michael Philippou provaram ser vozes relevantes no terror...

Leia a crítica do filme Anônimo 2 (2025) - Flixlândia
Críticas

‘Anônimo 2’ é um delicioso e hilário ‘Férias Frustradas’ com a família de ‘Busca Implacável’

Prepare-se para rir de forma quase culposa. Estreando nesta quinta-feira, 21 de...

Crítica do filme Quero Você, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

A promessa vazia e sem alma de ‘Quero Você’

O cinema de romance passou por transformações profundas na última década. No...