‘Tigres e Hienas’ tinha tudo para ser memorável. Tinha…
Taynna Gripp26/11/20243 Mins de Leitura175
Foto: Prime Video / Divulgação
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O diretor Jérémie Guez retorna ao cenário dos thrillers criminais com “Tigres e Hienas” (Tigres et Hyènes), um filme que mistura drama familiar e ação no submundo parisiense.
Com um elenco promissor, liderado por Sofiane Zermani e Waël Sersoub, o longa busca capturar a complexidade dos relacionamentos em meio a dilemas morais e grandes riscos. No entanto, apesar de momentos visivelmente bem trabalhados, a obra tropeça em clichês do gênero e decisões narrativas que comprometem sua originalidade.
Malik (Waël Sersoub), um jovem vigarista, descobre que seu padrasto, Serge Lamy (Olivier Martinez), famoso assaltante de bancos, foi preso durante um golpe malsucedido. Durante o julgamento, Iris (Géraldine Nakache), advogada de Chérif (outro acusado), faz uma proposta ousada a Malik: participar de um assalto arriscado em troca da liberdade de Serge e de seu cliente.
Guiado pela lealdade ao padrasto que salvou sua vida, Malik assume a missão e reúne antigos comparsas para um último golpe, enfrentando dilemas éticos e desafios que testam suas convicções.
“Tigres e Hienas” oferece um misto de promessas não cumpridas e lampejos de qualidade. A narrativa, embora intrigante no papel, perde força devido à previsibilidade e à falta de profundidade. O roteiro apresenta uma sucessão de eventos que, embora funcionem isoladamente, carecem de coesão para envolver o espectador completamente.
O elenco traz desempenhos variados. Sofiane Zermani entrega uma atuação competente, mas limitada por diálogos pouco inspirados e uma construção de personagem que não explora plenamente seu potencial. Waël Sersoub, por sua vez, carrega bem o peso emocional do protagonista, mas sofre com o ritmo irregular do filme. O destaque vai para Géraldine Nakache, cuja interpretação de Iris adiciona camadas de tensão e mistério à trama.
Visualmente, o filme tenta capturar a atmosfera sombria do submundo parisiense, mas a ambientação carece do charme e impacto visual que poderiam elevar a narrativa. As cenas de ação, apesar de bem coreografadas, não conseguem sustentar o interesse por conta da falta de tensão genuína, tornando-se momentos isolados em um enredo que se arrasta.
Outro ponto que merece atenção é a falta de originalidade no tratamento dos temas. O relacionamento entre Malik e Serge, que poderia ter sido um eixo emocional poderoso, é explorado superficialmente, deixando a impressão de uma oportunidade desperdiçada. A moralidade dos personagens também é tratada de maneira ambígua, o que dificulta a criação de laços emocionais com o público.
“Tigres e Hienas” tinha todos os ingredientes para ser um thriller memorável: uma premissa interessante, um elenco promissor e a assinatura de um diretor experiente no gênero. No entanto, a execução falha ao se apoiar demais em fórmulas já desgastadas, oferecendo pouco em termos de inovação ou profundidade.
Ainda assim, para fãs de filmes de assalto que buscam entretenimento leve, o longa pode ser uma escolha satisfatória. Contudo, para quem espera algo marcante e reflexivo, esta obra pode acabar sendo mais uma experiência esquecível.
Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.