Vamos ser sinceros: existe um motivo para “O Exorcista” ser um clássico absoluto e a maioria dos filmes que vieram depois parecerem apenas cópias pálidas. O subgênero de possessão e exorcismo está saturado, reciclando os mesmos demônios e cerimônias há décadas.
Por isso, quando ouvi falar de Xamã: O Exorcista Pagão (2025), dirigido por Antonio Negret e escrito por seu irmão Daniel, fiquei com uma pontinha de esperança. A promessa era fugir da fórmula padrão ao ambientar a história no Equador, misturando folclore indígena com a velha luta do bem contra o mal. Mas será que mudar o CEP do demônio é suficiente para salvar um roteiro morno?
Sinopse
A trama gira em torno de Candice (Sara Canning) e Joel (Daniel Gillies), um casal de missionários que vive no Equador com o filho adolescente, Elliot (Jett Klyne). Eles estão lá para “salvar almas”, administrando uma escola e oferecendo ajuda médica, mas com aquela pitada de superioridade religiosa. Tudo muda quando Elliot, ignorando os avisos das crianças locais, entra em uma caverna proibida em um vulcão e encontra um relógio antigo e, de quebra, uma entidade maligna ancestral (Supay, o Deus da Morte).
Quando o garoto começa a agir de forma estranha — vômitos, convulsões e aquele pacote básico de possessão —, Candice imediatamente culpa o Xamã local (Humberto Morales), acusando-o de envenenar seu filho. O que se segue é um embate entre a fé católica rígida da mãe, representada também pelo Padre Meyer (Alejandro Fajardo), e as forças antigas daquela terra.
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Resenha crítica do filme Xamã: O Exorcista Pagão
A arrogância da fé e o verdadeiro vilão
O ponto mais alto de Xamã: O Exorcista Pagão não é o terror sobrenatural, mas o subtexto social. O filme acerta ao criticar a mentalidade colonialista. Candice é a típica “gringa” que chega em uma comunidade indígena achando que sua religião é a única correta. Ela é uma protagonista difícil de gostar — sua certeza religiosa soa agressiva e hipócrita.
Em muitos momentos, a arrogância dos missionários, que acham que podem “consertar” a cultura local, é mais assustadora que o próprio demônio. O filme inverte a lógica: o mal talvez não seja o espírito da caverna, mas sim a invasão daqueles que desrespeitam as crenças locais.

Visual de cair o queixo, efeitos nem tanto
Visualmente, o filme tem seus méritos. A cinematografia de Daniel Andrade aproveita muito bem as paisagens equatorianas, com montanhas e vulcões que criam uma atmosfera de isolamento e perigo real.
A direção de arte tenta misturar efeitos práticos e digitais para criar uma possessão mais “natural”, com escorpiões e um fluido preto substituindo a velha sopa de ervilha. No entanto, quando a coisa aperta, o filme recorre a CGI genérico que tira um pouco da imersão.
O problema do “susto fácil”
Infelizmente, Xamã: O Exorcista Pagão sofre do mal do terror moderno: a preguiça nos sustos. O filme abusa dos jump scares com sons altos e repentinos, um truque barato que irrita mais do que assusta. A tensão construída pela atmosfera é frequentemente quebrada por esses momentos previsíveis.
Se você já viu um filme de possessão na vida, vai adivinhar quase tudo o que vai acontecer muito antes de acontecer. Fica aquela sensação de estar assistindo a um filme feito para a TV, onde a direção de Antonio Negret, embora competente em criar clima, não consegue elevar o material acima da mediocridade.
Atuações desiguais
O elenco é uma mistura. Jett Klyne faz um bom trabalho físico como o garoto possuído, alternando entre a vulnerabilidade e a malevolência. Sara Canning segura bem o papel da mãe desesperada e fanática, embora sua personagem seja propositalmente irritante.
O problema maior é o espanhol da protagonista, que soa quase ininteligível em alguns momentos — imagine uma patricinha tentando falar espanhol. Já os atores latinos, como Humberto Morales e Alejandro Fajardo, entregam performances mais autênticas, mas acabam ofuscados pelo foco na família americana.
Conclusão
Xamã: O Exorcista Pagão é um filme que fica no “quase”. Ele quase inova ao trazer a discussão sobre colonialismo e supremacia religiosa para o centro do palco, mas acaba caindo nas armadilhas dos clichês de exorcismo que tentou evitar. É um filme assistível, com uma fotografia bonita e uma premissa interessante sobre o choque de culturas, mas que falha em ser genuinamente assustador ou memorável.
Se você é um fã hardcore de folk horror e quer ver algo com um cenário diferente, pode valer a sessão numa tarde de domingo sem compromisso. Mas não espere um novo clássico. Tem boas intenções, mas a execução é pálida perto do potencial que a história tinha. Provavelmente, você vai esquecer dele assim que os créditos subirem.
Onde assistir ao filme Xamã: O Exorcista Pagão?
Trailer de Xamã: O Exorcista Pagão (2025)
Elenco do filme Xamã: O Exorcista Pagão
- Sara Canning
- Daniel Gillies
- Jett Klyne
- Alejandro Fajardo
- Humberto Morales














