“A Mulher da Fila” é aquele tipo de filme que te joga no meio de uma realidade dura e pouco conhecida, mas que insiste em se fazer presente ali, esperando para ser vista. Dirigido por Benjamín Ávila, o longa acompanha Andrea (Natalia Oreiro), uma mulher de classe média que de repente vê sua vida virar de cabeça para baixo ao ter o filho mais velho preso.
É uma história mais do que sobre crime, é sobre o impacto real que o cárcere traz para as famílias, especialmente para as mulheres que esperam nas filas dos presídios.
Sinopse
Andrea, viúva e mãe de três filhos, acorda numa manhã comum para ter a casa invadida pela polícia. Seu filho Gustavo é preso e acusado de um crime violento. Ela, que inicialmente acredita na inocência dele, enfrenta o choque de lidar com o sistema penal argentino junto a outras mulheres que também aguardam nas visitas carcerárias. A partir daí, o filme mostra seu lento despertar para um mundo que negava, passando da negação à solidariedade com outras famílias de detentos, enquanto tenta entender e provar a inocência do filho.
Crítica
O ponto mais forte do filme está em colocar o espectador na pele de Andrea, mostrando cada sentimento traumático — a surpresa, o medo, a indignação e a solidão. Essa perspectiva única cria uma imersão real e visceral. Natalia Oreiro carrega a narrativa com uma atuação naturalista poderosa, onde cada olhar e gesto diz mais do que palavras poderiam expressar. Aqui, ela não precisa de gritos nem exageros para mostrar a força e o desamparo da personagem.
Ao focar na fila de visitas, Ávila destaca como a prisão não é só sobre quem está dentro, mas sobre toda uma rede de pessoas afetadas — especialmente mulheres, que assumem o papel quase invisível de suporte e resistência. O filme respeita e visibiliza essas mulheres, algumas interpretando a si mesmas, trazendo uma autenticidade rara que toca fundo. Esse retrato abre espaço para refletirmos sobre a dura realidade do sistema carcerário e seu alcance social.
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O elo feminino: resistência e solidariedade
“A Mulher da Fila” traça um paralelo entre mulheres de diferentes classes sociais e histórias, mostrando que a linha que as separa se dissolve diante do sofrimento compartilhado. A relação entre Andrea e “La 22” (Amparo Noguera) é uma das partes mais bonitas do filme, construída com sensibilidade e realismo, quebrando preconceitos e costurando empatia. Porém, essa força feminina também é mostrada como um peso, um papel social que recai pesado e muitas vezes injustamente sobre elas.
O filme perde um pouco do foco e da força quando tenta explorar subtramas como o romance entre Andrea e Alejo (Alberto Ammann) ou a virada para um thriller policial. Esses elementos acabam soando um pouco forçados e até clichês dentro de uma história tão íntima e crua. A tentativa de adicionar mais “atração comercial” se revela desnecessária e afasta o espectador da potência da narrativa principal.
Sem julgamentos nem moralismos simplistas, o filme evidencia o estigma social que as famílias de presos carregam, replicando exclusões e condenações que vão além dos muros da prisão. Essa extensão da punição ao entorno familiar é uma questão social urgente e pouco debatida — o filme a coloca na mesa com honestidade e sensibilidade.

Conclusão
“A Mulher da Fila” é um filme que incomoda na medida certa, trazendo para o centro uma história sobre amor, perda e solidariedade num universo brutal e pouco visibilizado. A atuação de Natalia Oreiro é um dos pontos altos, traduzindo uma angústia real em algo universal.
Apesar dos tropeços nas subtramas, o longa se mantém fiel à sua essência: mostrar que a prisão não afeta apenas quem cometeu o crime, mas uma rede de pessoas que lutam para manter sua humanidade. É uma produção recente do cinema argentino que merece ser vista para a gente se lembrar de olhar com mais empatia para esse lado da justiça.
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Onde assistir ao filme A Mulher da Fila?
O filme está disponível para assistir na Netflix.
Veja o trailer de A Mulher da Fila (2025)
Conheça o elenco de A Mulher da Fila, da Netflix
- Natalia Oreiro
- Amparo Noguera
- Alberto Ammann
- Federico Heinrich
- Lide Uranga
 



 
                                 
                             
                                



















