Leia a crítica da série Capoeiras, do Disney+ (2025) - Flixlândia
Críticas

Mais que luta, ‘Capoeiras’ é uma história de reencontro e resistência

Série é estrelada por Raphael Logam e Sérgio Malheiros

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Em meio à crescente onda de produções nacionais em plataformas de streaming, a série Capoeiras, do Disney+, se destaca por um propósito claro e reverente: honrar a complexa e rica manifestação cultural da capoeira. Longe de ser apenas mais uma trama de ação, a minissérie de seis episódios mergulha na essência de uma prática que é luta, dança e, acima de tudo, um legado de resistência e ancestralidade.

Ao costurar uma narrativa entre o passado e o presente, a produção não apenas captura a energia vibrante de uma roda, mas também se propõe a debater temas profundos como violência, injustiça e a busca por um propósito em meio ao caos. É um convite para o público brasileiro e internacional repensar o que realmente conhecemos sobre a capoeira e sua conexão inseparável com a história do povo negro no Brasil.

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Sinopse

A trama de Capoeiras se inicia em 1971, no Rio de Janeiro, onde os amigos de infância Veneno-da-Madrugada (Raphael Logam) e Noivo-da-Vida (Sérgio Malheiros) testemunham um evento que os marcará para sempre: o assassinato de seu mestre de capoeira, Vendaval, durante uma violenta batida policial.

A tragédia separa os dois, que seguem caminhos opostos e se afastam por 17 anos. Veneno permanece na cidade, assombrado pelo passado e pelos segredos que guarda, enquanto Noivo se exila, carregando a culpa e desenvolvendo visões que o conectam ao espiritual.

O destino os coloca novamente frente a frente em 1988, quando Veneno se envolve no submundo das lutas clandestinas para sobreviver e se aproxima dos responsáveis pela morte de seu mestre. Noivo, alertado por uma de suas visões, retorna para o Rio com a missão de impedir uma nova tragédia.

É nesse cenário de ringues ilegais e acertos de contas que a antiga amizade é confrontada com as complexas escolhas que cada um fez, revelando que a verdadeira luta, para ambos, sempre foi pela dignidade e pela memória de seu mestre.

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Crítica

Mais do que um mero pano de fundo para as cenas de ação, a capoeira em si é a alma de Capoeiras. A série não se limita a mostrar o espetáculo da luta, mas aprofunda sua importância como elemento formador, cultural e espiritual.

Com a expertise de Raphael Logam e Sérgio Malheiros, ambos capoeiristas na vida real, a produção consegue transmitir a autenticidade e a reverência devidas a essa arte. Os movimentos são fluidos, as coreografias de luta são autênticas, e a presença da capoeira é sentida em cada ensinamento e em cada dilema moral dos protagonistas.

O que surge é um retrato fiel e respeitoso de uma prática que transcende a fisicalidade, conectando-se diretamente com a ancestralidade e com o candomblé, uma religião de matriz africana que, assim como a capoeira, foi e ainda é alvo de preconceito e perseguição.

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Crítica da série Capoeiras, do Disney+ (2025) - Flixlândia
Foto: Disney+ / Divulgação

Elo entre passado e presente

A estrutura narrativa, que alterna entre os anos de 1971 e 1988, é um dos pontos altos da série. Essa dinâmica não apenas mantém o interesse do espectador, mas também reforça a ideia central de que o passado, principalmente o trauma, molda diretamente o futuro.

As revelações são feitas gradualmente, como camadas que são retiradas para revelar a complexidade dos personagens e suas motivações. Esse jogo entre épocas permite que a série explore a força da memória e como ela pode ser tanto uma fonte de cura quanto de dor.

A produção, inclusive, é bem-sucedida em recriar a atmosfera do Rio de Janeiro dessas duas décadas, imergindo o público em uma realidade que, infelizmente, ainda ecoa nos dias de hoje, especialmente no que tange à violência policial e à desigualdade social.

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Personagens complexos e narrativa tensa

Raphael Logam e Sérgio Malheiros, que já demonstraram grande química em trabalhos anteriores, entregam atuações notáveis, dando vida a personagens complexos e cheios de nuances. Veneno e Noivo representam abordagens diferentes para a mesma missão: fazer a diferença.

Enquanto Veneno escolhe o caminho da luta física para buscar justiça, Noivo se volta para o espiritual e a diplomacia. O confronto entre eles não é apenas sobre quem é o mais forte no ringue, mas sobre qual é o melhor caminho para honrar o legado do mestre.

A inclusão das lutas clandestinas adiciona uma camada de tensão e perigo, contrastando a violência do ringue com a violência cotidiana que os personagens enfrentam para viver com dignidade. A minissérie, no entanto, peca por episódios curtos, que por vezes limitam um maior aprofundamento nas motivações e personalidades, fazendo com que a trama seja mais ágil do que aprofundada.

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Conclusão

Capoeiras é um trabalho ambicioso e, em grande parte, bem-sucedido. A série se destaca pela coragem de abordar uma história genuinamente brasileira em uma plataforma global, com um elenco majoritariamente negro e uma narrativa que se recusa a ser superficial. Ao mostrar a capoeira e o candomblé com a devida reverência, a produção desafia o olhar estereotipado e limitado, convidando o público a um mergulho em uma cultura vibrante e cheia de significado.

Apesar de alguns pontos que poderiam ter sido mais explorados, o projeto é uma vitória em si, um esforço de décadas que, como destaca o próprio Raphael Logam, é um sonho realizado. É uma série que não apenas entretém, mas também educa e inspira, mostrando que, ao contar nossas próprias histórias de forma sincera, podemos tocar o coração de pessoas em qualquer lugar do mundo.

O legado do mestre Vendaval, e de Nestor Capoeira, o autor do livro que inspirou a série, agora ganha a tela, e a vitória, aqui, é do povo brasileiro.

Onde assistir à série Capoeiras?

A série está disponível para assistir no Disney+.

Assista ao trailer de Capoeiras (2025)

Quem está no elenco de Capoeiras, do Disney+?

  • Raphael Logam
  • Sérgio Malheiros
  • Juliana Alves
  • Wilson Rabelo
  • Rodrigo de Odé
  • Dhara Lopes
  • Bruno Gissoni
Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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