Crítica da temporada 2 da série Sandman, da Netflix (2025)

‘Sandman’: volume 1 da 2ª temporada abraça o fim com beleza sombria e coração humano

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A confirmação de que a temporada 2 de “Sandman” seria a última abalou profundamente os fãs da aclamada obra de Neil Gaiman. Afinal, a complexidade do universo dos Perpétuos e a riqueza de arcos narrativos deixavam claro que ainda havia muito a ser contado. O desafio, portanto, era imenso: condensar a densidade da saga em dois volumes conclusivos.

Com o lançamento do Volume 1, composto por seis episódios, a produção da Netflix não apenas assume essa responsabilidade como surpreende ao entregar uma narrativa que combina profundidade emocional, fidelidade criativa e consistência estética.

Diferente da primeira temporada, que dividiu opiniões ao alternar entre fluidez e dispersão narrativa, o novo ciclo parece ter aprendido com seus tropeços. A série agora abraça com firmeza os temas centrais da obra de Gaiman, sem abrir mão da poesia sombria que tornou os quadrinhos um marco da cultura pop. E se o fim está próximo, ele começa com maturidade e uma compreensão mais clara de quem é Morpheus — e, mais importante, quem ele precisa se tornar.

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Qual é a história da temporada 2 de Sandman?

A nova leva de episódios mergulha diretamente em três arcos centrais da HQ: Estação das Brumas, Vidas Breves e A Canção de Orfeu. O ponto de partida é uma reunião dos Perpétuos que coloca Sonho (Tom Sturridge) diante de erros antigos, como a condenação de sua antiga amada, Nada (Deborah Oyelade), ao Inferno.

Ao tentar reparar esse erro, Morpheus se vê envolvido em uma disputa infernal quando Lúcifer (Gwendoline Christie) entrega a ele a chave do Inferno, dando início a uma corrida pelo poder entre entidades de diferentes mitologias.

Em seguida, acompanhamos a inesperada jornada ao lado de Delírio (Esmé Creed-Miles) em busca de Destruição (Barry Sloane), o Perpétuo ausente. Paralelamente, somos apresentados a Orfeu (Ruairi O’Connor), filho de Morpheus, cuja tragédia reinterpreta a clássica lenda de Orfeu e Eurídice.

Esses três fios narrativos se entrelaçam com eficiência, revelando camadas emocionais do protagonista e ampliando o universo com novos personagens marcantes, como Wanda (Indya Moore), Barnabas (voz de Steve Coogan) e figuras mitológicas como Loki, Odin e Thor.

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Crítica da série Sandman – Temporada 2

Se a primeira temporada apresentou Morpheus como uma entidade distante, envolta em sombras e rigidez, a nova fase da série permite que ele seja mais vulnerável e contraditório.

Tom Sturridge, que antes parecia preso a uma postura estoica excessiva, agora transmite um Sonho mais humano e introspectivo, em constante embate com sua arrogância e incapacidade de mudar. O ator mostra mais nuances, especialmente nas cenas com Orfeu e Delírio, onde o peso da culpa e do amor perdido finalmente o tiram da apatia gótica.

Adaptações que honram, mas não congelam a HQ

A decisão de adaptar os arcos mais emblemáticos dos quadrinhos, como Estação das Brumas, poderia facilmente cair em uma reprodução fria e sem alma.

No entanto, os showrunners Allan Heinberg e David S. Goyer, sob a supervisão de Neil Gaiman, fazem escolhas criativas eficazes ao reimaginar certas passagens para que funcionem melhor na linguagem televisiva. A inclusão de Wanda, por exemplo, atualiza com sensibilidade questões de identidade e transfobia, sem soar didática ou deslocada.

Já o arco de Orfeu ganha força com a relação emocional entre pai e filho, oferecendo uma das tramas mais belas e dolorosas da temporada. Aqui, a série alcança um equilíbrio raro: respeita o material original e, ao mesmo tempo, justifica sua existência como adaptação.

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cena da temporada 2 da série Sandman, da Netflix (2025)
(Foto: Netflix / Divulgação)

Delírio e Destruição: novos perpétuos, novas dimensões

A entrada de Delírio e Destruição traz o frescor que a série precisava. Esmé Creed-Miles rouba a cena com uma interpretação oscilante entre candura infantil e loucura abissal.

Sua personagem, longe de ser apenas um alívio cômico, revela uma profunda solidão e carência por aceitação — reflexo emocional de uma família cósmica desfeita. Barry Sloane, como Destruição, oferece um contraste interessante: um ser que renuncia ao próprio papel por não suportar a dor que causa.

Ambos ampliam a mitologia dos Perpétuos e elevam o potencial dramático da série, sem descambar para o excesso de explicações ou flashbacks desnecessários.

Estética soturna e ritmo mais consistente

Visualmente, Sandman continua deslumbrante. A paleta sombria e os cenários oníricos criam a atmosfera melancólica e etérea que os fãs esperam. Mas desta vez, o ritmo está mais bem distribuído. Cada arco recebe o tempo necessário para se desenvolver, sem parecer episódico ou apressado. O tom introspectivo permanece, mas há mais espaço para diálogos com propósito, silêncios que dizem muito e cenas que emocionam sem forçar.

Apesar disso, ainda há momentos em que a série flerta com a pretensão excessiva. Algumas falas de Morpheus soam como aforismos soltos de autoajuda gótica, e certas tramas secundárias poderiam ter ganhado mais leveza — especialmente a jornada ao lado de Delírio, que nos quadrinhos trazia um humor absurdo quase ausente na tela.

Vale a pena assistir Sandman na Netflix?

O Volume 1 da segunda e última temporada de Sandman é uma despedida que já começa com respeito, coragem e sensibilidade. Ao focar nos arcos mais importantes da HQ e dar espaço para que Morpheus amadureça diante dos próprios erros, a série entrega episódios densos, emocionantes e bem dirigidos. Ainda que por vezes penda para o excesso de seriedade, Sandman acerta ao encontrar humanidade no divino, emoção na escuridão e beleza no fim inevitável.

Se a promessa do Volume 2 é dar a esse universo um encerramento à altura, o que vimos até agora já é suficiente para garantir que o adeus será doloroso, mas merecido. Sonho está mudando. E nós, espectadores, também.

Assista ao trailer de Sandman (temporada 2)

YouTube player

Elenco da série Sandman

  • Tom Sturridge
  • Boyd Holbrook
  • Vivienne Acheampong
  • Patton Oswalt
  • Gwendoline Christie
  • Charles Dance
  • Jenna Coleman
  • David Thewlis
  • Kirby Howell-Baptiste
  • Mason Alexander Park

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Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

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