A rainha incontestável do Young Adult do Prime Video, a escritora argentino-espanhola Mercedes Ron, está de volta às telas com “Diga-me Baixinho”, a primeira parte de uma nova saga. Após o sucesso estrondoso e os recordes batidos pela adaptação da sua trilogia Culpa, a expectativa para este novo filme, dirigido por Denis Rovira Van Boekholt, era alta.
A plataforma de streaming de Amazon continua a apostar forte no público adolescente, seguindo a fórmula testada e aprovada: atores jovens, bonitos e tramas cheias de drama. No entanto, se o objetivo era replicar o nível de Minha Culpa, a nova aposta parece ter tropeçado nos próprios clichês. A seguir, destrinchamos o que funcionou e, principalmente, o que ficou a desejar neste retorno ao universo de Ron.
Sinopse
O filme acompanha Kamila (Alicia Falcó), ou simplesmente Kami, que, aparentemente, tem uma vida perfeita: notas boas, uma vida social maravilhosa e uma beleza que é pura inveja. Mas essa fachada desmorona quando os irmãos Di Banco, Thiago (Fernando Lindez) e Taylor (Diego Vidales), seus antigos vizinhos e amigos de infância, regressam à cidade e, consequentemente, à sua vida.
A história de gira em torno desse turbulento reencontro, que acontece sete anos depois de um “terrível acontecimento” que os separou. O passado misterioso e a tensão sexual e emocional entre os três — que formam o inevitável triângulo amoroso — são o combustível que busca manter o espectador preso.
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Resenha crítica do filme Diga-me Baixinho
Apesar de vir com a chancela de Mercedes Ron e do sucesso prévio, Diga-me Baixinho não consegue fugir dos elementos mais previsíveis e batidos do gênero young adult. A narrativa, que foca primordialmente em amor e arrependimento, entrega muito drama adolescente e pouca originalidade, tornando-se um filme “só para ver uma vez e está bom”.
O romance que não engata
Um dos pilares das produções de Ron são os arcos de “inimigos a amantes” e a química palpável. Contudo, aqui reside o maior problema da adaptação: a falta de química entre o elenco principal. Os atores parecem desconfortáveis, forçando emoções que simplesmente não chegam ao espectador. Momentos que deveriam ser carregados de tensão romântica ou dramática entre os protagonistas acabam, por vezes, a resvalar para o lado do riso involuntário, quebrando totalmente a imersão na história.
A tensão e o desenvolvimento do romance, essenciais neste tipo de filme, simplesmente não têm a força necessária. O triângulo amoroso em si é confuso, com os irmãos — Thiago, o “malvado” e misterioso, e Taylor, o “bom e simpático” — a pairar à volta de Kami, com os três a agirem de forma egoísta e sem clareza sobre os seus sentimentos.

Personagens planos e diálogos cansativos
O guião pouco elaborado contribui para que os personagens sejam incrivelmente rasos. Kami, a protagonista, é retratada de forma tão superficial que se torna difícil criar empatia com as suas ações e decisões. É frustrante ver uma suposta representação de uma jovem adulta a agir de forma tão vã e irreal. Thiago e Taylor são essencialmente arquétipos de “poli bom, poli mau” sem grande profundidade.
Há também a inclusão de uma série de personagens secundários que surgem e desaparecem sem justificativa, não adicionando absolutamente nada à trama e tornando-se desnecessários. Além disso, os diálogos, por vezes, parecem um “sem sentido” total, com cenas que parecem servir apenas para encher linguiça e que acabam por afastar o espectador.
Clichês e temas em excesso
Apesar de Ron tentar introduzir alguma evolução ao dar mais voz às protagonistas femininas e naturalizar questões da adolescência, a história continua a ser uma reprodução dos estereótipos de 2010. Retoma-se a moda da jovem dividida entre dois irmãos, mas com uma pequena surpresa: desta vez, até a turma que é Team Bad Boy (como o Team Damon ou Conrad Fisher) pode acabar a torcer pelo irmão mais simpático.
A autora até tenta abordar a toxicidade nas relações, condenando-a, mas acaba por cair em outras dinâmicas problemáticas onde a violência é resolvida com violência e as mentiras são usadas como solução. Há uma mistura excessiva de assuntos para denunciar ou visibilizar, o que acaba por diluir a mensagem, deixando o público sem um ponto de vista claro.
Pontos positivos: o passado e as atuações infantis
No meio da confusão, um aspecto se destaca positivamente: a construção do passado dos protagonistas através de flashbacks. A naturalidade e a simplicidade dos atores infantis conseguem dar um peso e um sentido à história presente, permitindo que a trama trágica de fundo seja mais íntima e fácil de assimilar, mesmo que acompanhada por clichés como a inevitável “chuva incessante”. A atuação dos miúdos é, de longe, o melhor que o filme tem para oferecer.
Conclusão
Diga-me Baixinho é, em essência, uma produção que vive à sombra do sucesso de Minha Culpa. Para os fãs incondicionais de Mercedes Ron e do gênero, com os seus triângulos amorosos, belos atores e reviravoltas dramáticas (e até algumas inconsistências de enredo, que aparentemente já são uma característica aceitável destas adaptações), pode ser um passatempo.
No entanto, para quem esperava uma evolução ou algo com mais substância, o filme deixa bastante a desejar. É uma história que se apoia em demasiado nos clichês, com relações pouco realistas e uma falta de punch que a impede de se destacar. A julgar pelo final em aberto, uma segunda parte é mais do que provável, garantindo que o triângulo Kami, Thiago e Taylor ainda vai dar muito que falar (e talvez, esperemos, com mais química).
Onde assistir ao filme Diga-me Baixinho?
Trailer de Diga-me Baixinho (2025)
Elenco de Diga-me Baixinho, do Prime Video
- Alicia Falcó
- Fernando Lindez
- Diego Vidales
- Celia Freijeiro
- Patricia Vico
- Andrés Velencoso
- Eve Ryan
- Fernando Nagore















