‘O Bom Bandido’: Robin Hood dos brinquedos só queria ser amado?

Foto: Divulgação
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Derek Cianfrance volta ao território das almas em conflito com ‘O Bom Bandido’, um filme que mistura biografia, drama romântico e comédia em doses desiguais. Inspirado no caso real de Jeffrey Manchester, o longa aposta em um tom de fábula moral, onde o charme e a ingenuidade de um ladrão se chocam com o peso das consequências. Channing Tatum assume o papel-título com carisma suficiente para sustentar o interesse, ainda que a narrativa, às vezes, se perca entre o sentimentalismo e a indecisão de gênero.

É curioso notar como Cianfrance, diretor de obras como ‘O Lugar Onde Tudo Termina’, prefere olhar para a fragilidade humana do que para o crime em si. Sua câmera parece mais interessada nos motivos do que nas ações, o que faz de ‘O Bom Bandido’ um filme de intenções nobres, ainda que vacilante. Entre a reabilitação moral e o conto de amor improvável, o filme parece querer abraçar todas as nuances de seu protagonista, mas acaba tropeçando na própria ambição.

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Sinopse

A história acompanha Jeffrey Manchester, um ex-soldado que, após escapar da prisão, encontra abrigo dentro de uma loja de brinquedos. Durante meses, ele vive escondido entre prateleiras coloridas, observando os funcionários e o cotidiano infantil que contrasta com sua vida de fugitivo. Nesse refúgio improvável, aguarda o retorno de um amigo para ajudá-lo a fugir do país.

Tudo muda quando Jeffrey conhece Leigh Wainscott (Kirsten Dunst), uma mãe divorciada que trabalha na loja. A relação entre os dois nasce de gestos sutis e silêncios cúmplices, e o que começa como um flerte tímido se transforma em uma história de afeto e desespero. Contudo, a verdade que ele esconde ameaça destruir não apenas o romance, mas também o frágil senso de redenção que tenta construir.

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Crítica

Cianfrance escolhe filmar o crime como um ato quase infantil, mais lúdico do que perigoso, inclusive quando Jeffrey precisa usar armas e atirar. O esconderijo na loja de brinquedos, com suas luzes piscantes e corredores cheios de cores, transforma o criminoso em uma figura quase mágica, um homem que quer dar presentes para ser amado.

Essa abordagem gera um encanto inicial, mas também limita a força dramática do filme: as cenas de roubo carecem de densidade, e o suspense nunca se estabelece por completo, o filme não engrena como obra de ação. O espectador, ao invés de temer o desfecho, se vê embalado por uma melancolia leve demais.

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Amor e Mentiras

A química entre Tatum e Dunst é, sem dúvida, um dos pontos altos do longa. Há um carinho genuíno nas trocas de olhares e nos pequenos gestos, o que confere humanidade aos personagens. A melhor parte do filme é, sem dúvida, as interações entre Jeffrey e Leigh e suas filhas, tanto do ponto de alívio cômico, quanto de drama familiar, já que Jeffrey sente muita falta de sua própria família.

Contudo, o roteiro falha ao equilibrar o tom romântico com o peso moral da trama. O amor entre os dois parece existir em um limbo, é bonito, mas improvável; sincero, mas fadado à ruína. Falta profundidade emocional para que o romance convença como força transformadora.

Tatum e Dunst como o casal Jeffrey e Leigh seguram o filme pela química entre eles / Foto: Divulgação

Sobra drama e falta coragem

Mesmo quando tenta mergulhar na psicologia de Jeffrey, o filme permanece na superfície. Cianfrance ensaia uma reflexão sobre culpa, carência e a necessidade de ser amado, mas evita o desconforto.

O resultado é um drama que emociona de maneira passageira, sem provocar reflexão duradoura. As melhores cenas, curiosamente, vêm dos coadjuvantes: Peter Dinklage, impagável como o gerente abusivo da loja, e LaKeith Stanfield, como o amigo leal que tenta salvar Jeffrey de si mesmo.

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Conclusão

‘O Bom Bandido’ se comporta como o próprio protagonista: cheio de boas intenções, mas com uma execução duvidosa. Cianfrance tem talento para criar personagens empáticos e atmosferas melancólicas, mas aqui parece indeciso sobre o que contar. Não há ação suficiente para empolgar, nem introspecção suficiente para emocionar e o resultado é um híbrido que agrada em momentos isolados, mas carece de consistência.

No fim, o filme conquista mais pelo carisma de seu elenco do que pela força de sua história. Tatum dá humanidade a um homem moralmente ambíguo, Dunst traz calor e verdade, e o diretor mantém um olhar compassivo sobre todos.

Ainda assim, ‘O Bom Bandido’ nunca engrena totalmente, como um golpe mal executado, deixa a sensação de que havia um grande filme escondido sob a superfície. Um retrato simpático de um criminoso, mas sem o brilho necessário para ser memorável.

Onde assistir ao filme O Bom Bandido?

O filme estreia nesta quinta-feira, 16 de outubro de 2025, exclusivamente nos cinemas brasileiros.

Quem está no elenco de O Bom Bandido?

  • Channing Tatum
  • Kirsten Dunst
  • Gabriella Cila
  • Esmé McSherry
  • Alissa Marie Pearson
  • LaKeith Stanfield
  • Peter Dinklage

Escrito por
Taynna Gripp

Formada em Letras e pós-graduada em Roteiro, tem na paixão pela escrita sua essência e trabalha isso falando sobre Literatura, Cinema e Esportes. Atual CEO do Flixlândia e redatora do site Ultraverso.

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