
Foto: Paramount+ / Divulgação
No episódio 3 da temporada 6 de “O Conto da Aia” (The Handmaid’s Tale), intitulado Devoção, a série abandona o silêncio cerimonial dos primeiros episódios e mergulha de cabeça nas relações humanas, revelando os limites da lealdade, o preço do fanatismo e a fragilidade das alianças.
Ao contrário dos dois primeiros episódios, que começaram fincando bandeiras, amarrando pontas, confrontando legados e – acima de tudo – definindo destinos, o capítulo 3, entre reencenações e decisões irreversíveis, nos lembra que toda revolução também é feita de escolhas pessoais.
Sinopse do episódio 3 da temporada 6 da série O Conto da Aia / The Handmaid’s Tale (2025)
Após os eventos de Trem e Exílio, o episódio Devoção posiciona June, Nick, Serena e os demais protagonistas em campos ideológicos e emocionais bem definidos. Luke e Moira, presos atrás das linhas inimigas durante uma missão Mayday, esperam resgate.
Enquanto isso, Serena atua como o rosto “moderno” da nova Gilead, em sua versão maquiada chamada New Bethlehem, vendida a diplomatas como uma utopia restauradora. Tia Lydia descobre os horrores que recaem sobre suas “meninas” no submundo de Jezebels. E no centro disso tudo, o reencontro entre June e Nick funciona como uma linha tênue entre passado, futuro e o eterno ciclo de partidas e retornos.
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Crítica da temporada 6 (episódio 3) de O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), do Paramount+
A relação entre June e Nick retorna como centro emocional do episódio, agora mais desgastada, mais amarga e, ainda assim, dolorosamente necessária. A dinâmica entre os dois, marcada por diálogos cheios de tensão e afetos mal resolvidos, revela um desgaste proposital: eles não conseguem se despedir, mas também não conseguem avançar.
O “vejo você depois” que dá título simbólico ao episódio é uma admissão de que há um vício emocional nesse ciclo — e talvez seja justamente essa obsessão que mantenha ambos em movimento.
Nick, ao assassinar dois guardiões para salvar Moira e Luke, ultrapassa pela primeira vez a linha do comprometimento. Não é apenas espionagem. É traição sangrenta. E, ainda assim, a série questiona: ele fez isso por ideologia ou apenas por amor a June?
Serena: ambição, fé ou manipulação?
Serena, como sempre, habita a zona cinzenta. Em Devoção, ela se torna uma espécie de garota-propaganda de Nova Belém, lugar que mais parece uma Disneylândia autoritária do que uma nova ordem social. Seu discurso sedutor para os diplomatas estrangeiros ganha destaque — com direito a elogios discretamente lascivos do Comandante Wharton. Mas há sinceridade no que ela vende? Ou Serena acredita na própria mentira?
Sua atuação é fascinante porque a série nunca nos dá certeza. Talvez nem ela mesma saiba. O que The Handmaid’s Tale faz com Serena é pintar o retrato da mulher que foi tanto oprimida quanto cúmplice — e que, agora, tenta se reconstruir num mundo onde sua voz ainda vale algo.
Luke e Moira: heróis frustrados de uma missão sem impacto
Por fim, a missão de Luke e Moira serve mais como artifício para reconectar personagens do que como um arco dramático com peso próprio. Ambos mereciam mais. O resgate, conduzido por Nick com a ajuda de June, frustra tanto pelas soluções fáceis quanto pela ausência de consequências mais profundas. O “obrigado, cara” de Luke a Nick é, ao mesmo tempo, cômico e desconfortável — o homem que foi traído sendo salvo pelo amante da esposa.
Essa dinâmica, propositalmente constrangedora, revela mais sobre o desgaste emocional do que qualquer grito ou briga. Luke, há temporadas, vem sendo reduzido a um espectador. Moira, mesmo com breves lampejos de protagonismo, continua orbitando June. E o episódio sabe disso, entregando essas interações com uma ironia silenciosa que funciona.
Tia Lydia e Janine: rachaduras na fé
A sequência com Tia Lydia vendo o destino de Janine e outras aias em Jezebels é forte, ainda que um tanto deslocada no episódio. Lydia, finalmente, parece começar a enxergar que o sistema que ajudou a erguer está apodrecido até a raiz. O momento pode marcar sua virada definitiva rumo à dissidência, como sugerido nos paralelos com Os Testamentos. Mas sua impotência diante dos comandantes evidencia que a redenção não será simples — se é que virá.
Conclusão
O episódio 3 da temporada 6 de “O Conto da Aia” entrega o que se espera de um drama em sua reta final: reencontros intensos, escolhas com peso moral e o constante atrito entre o íntimo e o político. Devoção talvez peque ao reciclar dinâmicas já conhecidas (como o triângulo amoroso entre June, Nick e Luke), mas compensa ao intensificar os dilemas humanos que movem essa história desde o início.
Com direção precisa e atuações que equilibram contenção e explosão emocional, o episódio reafirma que, embora as ideologias mudem, as pessoas continuam sendo seus maiores mistérios — e seus maiores riscos. No mundo de Gilead, nenhuma despedida é definitiva. E talvez, para quem sobreviveu tanto, o amor seja mesmo apenas mais uma forma de resistência.
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Onde assistir à série O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale)?
A série está disponível para assistir no Paramount+.
Trailer da temporada 6 de O Conto da Aia / The Handmaid’s Tale (2025)
Elenco de O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale), do Paramount+
- Elisabeth Moss
- Yvonne Strahovski
- Ann Dowd
- O-T Fagbenle
- Madeline Brewer
- Max Minghella
- Samira Wiley
- Amanda Brugel
Ficha técnica da série O Conto da Aia (The Handmaid’s Tale)
- Título original: The Handmaid’s Tale
- Criação: Bruce Miller
- Gênero: drama, suspense
- País: Estados Unidos
- Temporada: 6
- Episódios: 10
- Classificação: 16 anos