Mesmo com alguns excessos, 'O Entregador' é uma análise fascinante sobre a corrupção na Espanha

O filme “O Entregador” (El Correo), um dos principais lançamentos da Netflix desta sexta-feira (10), é um thriller de crime espanhol que nos leva a uma viagem sinistra pelo submundo da corrupção e do dinheiro sujo. Dirigido por Daniel Calparsoro, o longa-metragem é uma dramatização intensa dos eventos reais, intercalados com cenas de noticiários verdadeiros para reforçar a autenticidade das histórias retratadas.

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Sinopse de O Entregador, da Netflix

O filme começa de maneira intrigante em Hong Kong, mas logo nos transporta para a Espanha dos anos 1990, mais precisamente em 1992, época da realização dos Jogos Olímpicos e da Expo em Barcelona. Acompanhamos a trajetória de Iván Márquez, interpretado por Arón Piper, um jovem de Vallecas que observa a rápida deterioração financeira de sua família.

As mudanças políticas e econômicas que se seguiram, como a adesão da Espanha ao Euro em 2002, são vistas pelos olhos de Iván e seus contemporâneos, que se sentem traídos por suas lideranças governamentais. Iván, decidido a mudar seu destino, entra no mundo do crime ao se tornar um “correio” transportando dinheiro sujo para Bruxelas e Genebra. Suas ambições o levam ainda mais longe, até a Costa del Sol, onde descobre oportunidades maiores entre políticos corruptos, empresários e mafiosos.

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O Entregador crítica do filme espanhol Netflix 2024 — Cena do filme “O Entregador” (Foto: Netflix / Divulgação)

Crítica do filme O Entregador (2024)

“O Entregador” é uma obra que se destaca não apenas pelo seu enredo cativante, mas também pela forma como apresenta sua narrativa. Calparsoro usa uma mistura de filmagem documental e cinematográfica para criar uma experiência que é tanto educativa quanto emocionante. Arón Piper brilha no papel de Iván, capturando a ambição e a vulnerabilidade de seu personagem com uma competência que mantém o público torcendo por ele, apesar de suas escolhas questionáveis.

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O filme também faz um excelente trabalho ao contextualizar os eventos históricos, mostrando como a corrupção endêmica afetou não apenas os poderosos, mas também as vidas de pessoas comuns. A transição da peseta para o euro é particularmente bem retratada, refletindo a confusão e a traição sentidas pelos cidadãos espanhóis.

No entanto, “O Entregador” sofre de certa repetitividade nas cenas de festas e um desenvolvimento de personagem por vezes superficial. Embora os personagens sejam carismáticos e marcantes, eles muitas vezes se assemelham a arquétipos mais do que figuras totalmente realizadas. A estética vibrante e a música pulsante, ainda que eficazes em manter o ritmo, às vezes se sobrepõem à profundidade emocional que o filme poderia explorar.

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Conclusão

“O Entregador” é uma análise fascinante e estilisticamente distinta sobre a corrupção e o crime que moldaram uma era na Espanha, oferecendo ao público uma visão crua do impacto humano por trás dos escândalos financeiros. Enquanto Calparsoro entrega uma obra com uma narrativa poderosa e visualmente impressionante, ele ocasionalmente peca pelo excesso, onde o estilo ameaça suplantar a substância.