O universo das séries juvenis na televisão parece estar em uma busca constante por narrativas que misturem paixões adolescentes com a autenticidade do mundo real. É nesse cenário que surge Os Runarounds: Música e Sonhos, a nova aposta do Prime Video, nascida de uma ideia do criador de Outer Banks, Jonas Pate, após um encontro casual com a banda que dá nome à série.
O conceito parecia promissor: uma história ficcional baseada na vida de músicos de verdade, prometendo uma experiência mais genuína para o público. No entanto, a execução é uma prova dolorosa de que nem toda boa ideia se traduz em um bom roteiro, transformando o que poderia ser um hino geracional em uma canção repetitiva e sem brilho.
Sinopse
A trama nos transporta para Wilmington, Carolina do Norte, onde acompanhamos Charlie Cooper, um jovem de 18 anos que acaba de se formar no ensino médio com um sonho audacioso: viver de sua música.
O dilema é simples, mas poderoso: ou ele se dedica de corpo e alma à banda e consegue um contrato de gravação até o final do verão, ou terá que engolir seu orgulho e ir para a faculdade. O problema é que a banda original de Charlie está se desintegrando. Entre um guitarrista focado em Princeton, um baterista irresponsável e um amigo sem entusiasmo, o sonho de Charlie parece prestes a desmoronar.
Ele então decide chutar o balde, reformar o grupo com novos integrantes e mergulhar de cabeça em uma jornada de autoafirmação e descoberta, enfrentando os percalços de amadurecer, do primeiro amor e da difícil indústria musical.
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Crítica
A essência de Os Runarounds reside na sua música e na química entre os membros da banda real. É evidente que eles são talentosos, e as canções, de fato, são boas. A forma como o criador decidiu basear a série nos próprios músicos, que se interpretam com nomes de personagens, confere um ar de autenticidade que é, ironicamente, o que a salva de ser um desastre completo.
No entanto, o problema é que a habilidade em tocar um instrumento não se traduz automaticamente em talento para a atuação. Os músicos, com pouca ou nenhuma experiência prévia, entregam performances que, embora autênticas no sentido de estarem interpretando a si mesmos, carecem da profundidade necessária para sustentar uma série dramática.
O único ator profissional do grupo, William Lipton, é quem mais sofre com isso, parecendo menos autêntico do que seus colegas.

Uma trama caótica e sem foco
A narrativa da série é um dos seus pontos mais fracos. Ao longo de oito episódios, a banda passa por uma série de contratempos genéricos que já foram vistos inúmeras vezes em outras produções do gênero. O roteiro é tão fragmentado que a história depende da narração de Charlie para amarrar os pontos e guiar o público.
Além disso, a ambientação da série é estranha e desconexa. Embora se passe nos dias de hoje, a ausência de referências a smartphones ou redes sociais a faz parecer um drama dos anos 90, o que a afasta ainda mais da realidade.
A trama é repleta de subplots caóticos e forçados, como a obsessão de Charlie por Sophia, os problemas financeiros de sua família causados pela recusa de seu pai em trabalhar, e até mesmo uma revelação de paternidade que surge do nada. Essas subtramas parecem ter sido jogadas na história sem um propósito claro, apenas para gerar conflito, e não contribuem para o desenvolvimento dos personagens ou da narrativa.
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Relações familiares improváveis e diálogos desconexos
Outro aspecto que salta aos olhos é a representação das relações familiares. Os pais de Os Runarounds são, em sua maioria, adultos incompetentes e perdidos, que parecem tão desorientados quanto os adolescentes. A série falha em criar laços familiares críveis, com os jovens frequentemente sendo os “adultos” da casa.
Os diálogos soam fora de sintonia, como se os roteiristas nunca tivessem de fato conversado com um adolescente ou um pai. Essa falta de verossimilhança impede que o espectador se conecte emocionalmente com os dilemas dos personagens, já que as suas reações e motivações são frequentemente desconcertantes.
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Conclusão
Os Runarounds tenta desesperadamente ser a próxima grande série teen, mas acaba se tornando apenas mais uma no meio da multidão. Embora a música seja inegavelmente boa e a premissa de usar uma banda real seja uma ideia interessante, a série tropeça na execução. A trama é desarticulada, os personagens não são totalmente desenvolvidos e os diálogos são confusos.
Em vez de ser um drama cativante sobre os sonhos da juventude, a série se torna um show de talentos para a banda, disfarçado de ficção. Um documentário sobre a ascensão real da banda teria sido muito mais interessante e autêntico do que essa versão dramatizada, que, lamentavelmente, é uma das piores coisas que a televisão tem a oferecer no momento.
Onde assistir à série Os Runarounds: Música e Sonhos?
A série está disponível para assistir no Prime Video.
Assista ao trailer de Os Runarounds: Música e Sonhos (2025)
Quem está no elenco de Os Runarounds: Música e Sonhos, do Prime Video?
- William Lipton
- Lilah Pate
- Zendé Murdock
- Axel Ellis
- Jesse Golliher
- Jeremy Yun
- Maximo Salas
- Kelley Pereira
- Marley Aliah
- Mark Wystrach
- Brooklyn Decker
- Hayes Macarthur
- Shea Pritchard