The Handmaid’s Tale, conhecido mundialmente pela série da Hulu, também ganhou um filme com final polêmico e trajetória discreta nos cinemas, décadas antes da produção televisiva.
Adaptado pela primeira vez em 1990, o longa passou quase despercebido, mesmo com nomes consagrados no elenco e uma trama fiel ao universo criado por Margaret Atwood.
Com o sucesso tardio vindo com a série, a existência do filme voltou a chamar atenção de quem acompanha a distopia que virou símbolo de crítica social e resistência feminina.
O filme que veio antes da série
Dirigido pelo alemão Volker Schlöndorff, o filme estreou em 1990 e contou com roteiro de Harold Pinter, ganhador do Nobel de Literatura. No elenco, nomes como Natasha Richardson, Robert Duvall e Faye Dunaway davam peso ao projeto.
A história acompanha Kate (Offred), uma mulher forçada a se submeter como aia num regime totalitário onde a fertilidade virou propriedade do Estado.
Lançado sob o título A Decadência de uma Espécie no Brasil, o longa nunca chegou aos cinemas por aqui, circulando apenas em videolocadoras e canais de TV paga.
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Por que o filme foi esquecido por tanto tempo?
Mesmo com elenco premiado e equipe renomada, o filme fracassou nas bilheteiras e teve recepção morna da crítica. O roteiro sofreu alterações durante a produção, o que desagradou até o próprio autor.
Harold Pinter tentou retirar seu nome dos créditos após ver o resultado final, que divergia de sua proposta inicial. Natasha Richardson, protagonista do filme, também comentou publicamente que a ausência de narração prejudicou a conexão com o público.
Com orçamento de US$ 13 milhões, o filme arrecadou menos de US$ 5 milhões mundialmente.
O mundo não estava pronto para a história de Atwood?
Quando lançado, The Handmaid’s Tale causou estranhamento por abordar temas ainda pouco debatidos na grande mídia.
O filme trata de controle estatal sobre corpos femininos, crises de fertilidade e fanatismo religioso — temas desconfortáveis na virada dos anos 1980 para os anos 1990. Estúdios se recusavam a investir no projeto, classificando-o como “um filme sobre e para mulheres”.
A adaptação só aconteceu graças a produtores independentes, liderados por Daniel Wilson, que anos depois também esteve envolvido na produção da série.
O sucesso tardio com a série da Hulu
Em 2017, a série The Handmaid’s Tale chegou ao streaming com produção caprichada e Elisabeth Moss no papel principal.
A produção venceu prêmios como o Emmy e se tornou símbolo de resistência feminina. Estreando poucos meses após a posse de Donald Trump e durante o surgimento do movimento #MeToo, a série encontrou ressonância imediata. Margaret Atwood participou como consultora e viu sua obra atingir novos públicos.
O sucesso trouxe à tona o antigo filme, agora revisitado como parte da história desse universo distópico.
O que muda do filme para a série?
A série se permite aprofundar o universo criado por Atwood, algo que o filme, com pouco mais de uma hora e meia, não conseguiu explorar com a mesma intensidade.
No longa, a protagonista é chamada de Kate; na série, ela é June. A atuação de Moss trouxe camadas de humanidade e força à personagem, o que contribuiu para sua consagração.
Já o filme, apesar das intenções, ficou marcado por interpretações que soaram contidas e por um roteiro que falhou em capturar a tensão do livro.

Ainda existe espaço para o filme na cultura pop?
Sim, embora esquecido por décadas, o filme de The Handmaid’s Tale passou a ser visto com outros olhos após o sucesso da série. Para os fãs da história, vale como registro histórico e curiosidade cinematográfica.
Mesmo com suas limitações, a produção de 1990 foi a primeira a levar a distopia de Atwood às telas. É também uma lembrança de que nem sempre boas ideias encontram receptividade imediata, mas podem ganhar novo fôlego com o tempo.
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