Carla Lima 
Crédito: HBO / Reprodução
O episódio 6 da temporada 3 de The White Lotus começa como o oposto da noite anterior. Após a festa da lua cheia, os personagens despertam em meio aos escombros emocionais do que viveram. Intitulado “Negações”, o capítulo adota um ritmo mais introspectivo, em que as falas dão lugar a olhares, e a culpa, ao centro da narrativa. Mike White opta por um cenário menos barulhento, mas carregado de tensões contidas.
Saxon revive fragmentos da noite no iate, aos poucos reconstruindo o que tentou esquecer. Enquanto isso, Piper decide se afastar e passa a noite em um retiro budista com o irmão, Lochlan, observada de perto pelos pais. Victoria sente que está perdendo o controle sobre a filha e tenta evitar o distanciamento familiar, mesmo sem compreender os motivos da jovem. Timothy, por outro lado, mergulha em pensamentos suicidas e se aproxima do monge Luang Por Teera em busca de alívio.
A implosão dos Ratliff
A família Ratliff entra em colapso silencioso. Timothy continua atormentado por pensamentos destrutivos, que alternam entre a própria morte e a ideia de matar Victoria. As visões o consomem. Em paralelo, Saxon e Lochlan enfrentam o peso de uma lembrança perturbadora: um ato de incesto durante a noite de excessos. A cena, que se revela aos poucos, é conduzida com desconforto e culmina em um confronto interno devastador.
Patrick Schwarzenegger entrega uma atuação contida e potente como Saxon, enquanto Sam Nivola expressa o horror crescente de Lochlan durante a meditação. Ambos tentam fugir da verdade, mas o episódio recusa qualquer fuga fácil. A atmosfera do retiro budista contrasta com o que se passa por dentro deles — e o silêncio se torna insuportável. A ruína moral da família parece inevitável, ainda mais com Timothy escondendo suas pendências legais.
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Amizades em ruínas e ressentimentos antigos
O trio Jaclyn, Laurie e Kate também vê suas rachaduras expostas. A amizade se desfaz em ritmo acelerado após Kate revelar que Jaclyn passou a noite com Valentin. Laurie não reage com leveza. Ela confronta Jaclyn durante o café da manhã, e a discussão resgata mágoas antigas de adolescência. As acusações vão de traição a vaidade, com direito a ironias amargas de todos os lados.
Jaclyn tenta inverter o jogo ao posar de vítima, mas seu comportamento manipulador dificulta qualquer empatia. Carrie Coon brilha como Laurie, que mistura indignação e mágoa em cada palavra. A série mostra que, para elas, o tempo não curou feridas — apenas sofisticou as disputas. A tensão entre as três cresce a cada cena, prometendo estourar a qualquer instante.
Greg, Belinda e a sombra da violência
Enquanto os conflitos se acumulam, Belinda vive um raro momento de paz com Pornchai. O reencontro com o filho Zion oferece à personagem um breve alívio emocional. No entanto, a calmaria dura pouco. Greg, agora chamado de Gary, aparece ao fim do episódio com um convite ambíguo: “A gente precisa conversar. Última casa, no alto do morro”. A fala, dita em tom casual, carrega ameaça.
Três armas estão em circulação na temporada, e a proximidade de todos no resort cria um clima de inquietação. A última imagem mostra Rick prestes a confrontar o suposto assassino do pai, enquanto Gaitok testa sua pontaria no estande de tiros. Tudo indica que o caos está prestes a transbordar para além das crises internas. É a preparação para o colapso.
O episódio 6 da temporada 3 de The White Lotus abandona os excessos visuais para focar no desconforto emocional. Ao recusar alívios narrativos, a série força seus personagens a encarar o que tentam negar. Não há trégua nem perdão — só a antecipação de uma tempestade.
Mike White constrói um capítulo tenso, onde o que não é dito pesa mais do que qualquer fala. O que vem a seguir ainda é incerto, mas está claro que o final da temporada promete não poupar ninguém.
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