Confira a crítica do filme "Reagan", drama histórico com Dennis Quaid de 2025 disponível para assistir no Prime Video

‘Reagan’, quando o cinema vira panfleto e perde a arte

Compartilhe

O filme “Reagan”, cinebiografia dirigida por Sean McNamara e estrelada por Dennis Quaid, tenta recontar a vida do 40º presidente dos Estados Unidos com um toque épico de superação, fé e patriotismo. Porém, ao invés de iluminar as contradições de um dos líderes mais influentes do século XX, o longa prefere canonizá-lo, deixando de lado a complexidade histórica em troca de uma narrativa simplificada e ideológica.

Frete grátis e rápido! Confira o festival de ofertas e promoções com até 80% OFF para tudo o que você precisa: TVs, celulares, livros, roupas, calçados e muito mais! Economize já com descontos imperdíveis!

Sinopse do filme Reagan (2025)

A história é contada por um inusitado narrador: Viktor Novikov (Jon Voight), um fictício ex-agente da KGB que, décadas depois da Guerra Fria, narra a ascensão de Ronald Reagan a um jovem político russo.

Do início humilde em Dixon, Illinois, passando por sua carreira como ator e líder sindical, até se tornar governador e, por fim, presidente dos EUA, Reagan é retratado como um homem guiado por Deus e destinado a derrotar o comunismo.

Ao lado da esposa Nancy (Penelope Ann Miller), ele supera fracassos pessoais e obstáculos políticos, enquanto o filme insiste em posicioná-lo como herói absoluto da liberdade americana.

Você também pode gostar disso:

+ ‘Deva’, quando o remake não entende o original

+ ‘Som da Esperança: A História de Possum Trot’ e o poder da comunidade e da fé

+ ‘Cabrini’ ilumina a trajetória de uma mulher extraordinária

Crítica de Reagan, do Prime Video

Se uma boa cinebiografia deve equilibrar reverência com crítica, “Reagan” falha espetacularmente nesse ponto. Em vez de oferecer nuances sobre o homem por trás do mito, o filme entrega um retrato excessivamente devocional.

Ronald Reagan é pintado como infalível, quase santo – um cruzado moderno com missão divina. A referência constante a sua fé não enriquece o personagem, mas o transforma em figura quase bíblica. A frase “Deus tem um plano só seu” é repetida como um mantra, anulando qualquer possibilidade de explorar suas contradições humanas.

Um roteiro problemático

Escrito por Howard Klausner, conhecido por roteiros cristãos panfletários, o texto se prende a uma narrativa binária de bem contra o mal. Os comunistas são caricatos, os progressistas universitários são mimados e perigosos, e qualquer crítica a Reagan é tratada com desdém.

O caso Irã-Contras, por exemplo, é abordado com descaso, como se fosse um mero tropeço sem consequências. Temas fundamentais como a epidemia de AIDS e a Guerra às Drogas são simplesmente ignorados, numa escolha editorial que beira a irresponsabilidade histórica.

Atuações ofuscadas por excessos

Dennis Quaid tenta imprimir o charme característico de Reagan, e até consegue em momentos pontuais. A química com Penelope Ann Miller é um dos poucos pontos que conferem certa humanidade ao filme. Mas mesmo suas melhores cenas são prejudicadas pelo tom messiânico que paira sobre a narrativa.

Jon Voight, por sua vez, entrega uma performance exagerada, com sotaque russo duvidoso, que beira a paródia involuntária. A ideia de contar a história pelos olhos de um espião soviético fascinado por Reagan soa, no mínimo, bizarra – e, no máximo, como um artifício mal elaborado para reforçar a idolatria.

Estética datada e narrativa arrastada

Com 143 minutos de duração, “Reagan” se arrasta em cenas repetitivas e diálogos pouco inspirados. A mistura de imagens de arquivo com reencenações em câmera lenta soa datada e artificial. Em vez de mergulhar nos dilemas reais de sua época, o filme aposta em frases de efeito e piadas forçadas.

Até mesmo eventos marcantes, como a tentativa de assassinato em 1981, são tratados mais como oportunidades de reafirmar a força do protagonista do que como momentos reveladores de sua vulnerabilidade ou liderança.

Propaganda travestida de arte

A produção, financiada por nomes ligados ao cinema cristão e conservador, parece mais interessada em agradar uma base ideológica do que em fazer bom cinema. O objetivo não é provocar reflexão, mas reforçar certezas.

Nesse sentido, “Reagan” se insere em uma tendência crescente de filmes com viés político explícito, que sacrificam a qualidade narrativa em nome de uma missão doutrinária. Como em outros exemplos recentes, o resultado é um filme raso, previsível e desconectado da complexidade do mundo real.

Acompanhe o Flixlândia no Google Notícias e fique por dentro do mundo dos filmes e séries do streaming

Conclusão

“Reagan” é uma oportunidade desperdiçada. A figura histórica do ex-presidente, com todas as suas contradições, carisma e impacto global, merecia um retrato mais honesto e profundo. Ao optar pela exaltação acrítica e pela estética de sermão cinematográfico, o filme não só trai o espírito do gênero biográfico, como rebaixa seu protagonista à condição de símbolo inquestionável.

Para quem busca conhecer Reagan em sua plenitude, este longa não passa de uma versão edulcorada e frustrante de uma história muito mais rica do que o filme permite mostrar.

Siga o Flixlândia nas redes sociais

+ Instagram

+ Twitter

+ TikTok

+ YouTube

Onde assistir ao filme Reagan?

O filme está disponível para assistir no Prime Video.

Trailer de Reagan (2025)

YouTube player

Elenco de Reagan, do Prime Video

  • Dennis Quaid
  • Penelope Ann Miller
  • Jon Voight
  • Mena Suvari
  • David Henrie
  • Tommy Ragen
  • Kevin Dillon
  • Mark Moses

Ficha técnica de Reagan

  • Título original: Reagan
  • Direção: Sean McNamara
  • Roteiro: Paul Kengor, Howard Klausner
  • Gênero: drama, biografia
  • País: Estados Unidos
  • Duração: 143 minutos
  • Classificação: 12 anos
Escrito por
Wilson Spiler

Formado em Design Gráfico, Pós-graduado em Jornalismo e especializado em Jornalismo Cultural, com passagens por grandes redações como TV Globo, Globonews, SRZD e Ultraverso.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Procuram-se colaboradores
Procuram-se colaboradores

Últimas

Artigos relacionados
Resenha crítica do filme Um Noivo e Duas Noivas, da Netflix (2025) - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Um Noivo e Duas Noivas’: não sou eu, é você

Entre mentiras, desencontros e promessas de amor, o filme Um Noivo e...

Resenha crítica do filme Drop - Ameaça Anônima (2025) - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Drop: Ameaça Anônima’, a invasão à privacidade

Olá, meu caro leitor! Hoje falaremos de um suspense lançado recentemente no...

Crítica do filme Em Busca da Felicidade, de Tyler Perry (2025) - Flixlândia (1)
Críticas

[CRÍTICA] ‘Em Busca da Felicidade’ ou a vida é cheia de surpresas

Querido leitor, você talvez espere mais um daqueles filmes leves, para assistir...

Crítica do filme Frankenstein, de Guillermo del Toro (2025) - Netflix - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] Guillermo del Toro recria o clássico ‘Frankenstein’ com poesia e tragédia

A nova adaptação de “Frankenstein” (2025), dirigida por Guillermo del Toro, surge...

Aileen Wuornos A História de uma Serial Killer crítica filme Netflix 2025 Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Aileen: A História de uma Serial Killer’, a donzela da morte

Em 9 de outubro de 2002, Aileen Wuornos foi executada na Flórida,...

Crítica do filme Grand Prix A Toda Velocidade (2025) - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Grand Prix: A Toda Velocidade’ acelera nas cores, mas derrapa no roteiro

Existem filmes que quando você vê criança ama de paixão e ficam...

Leia a crítica do filme Dollhouse (2025) - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Dollhouse’: terror coreano mistura referências e entrega bom terror

A necessidade de apresentar algo novo muitas vezes acaba destruindo uma produção....

Crítica do filme Predador - Terras Selvagens (2025) - Flixlândia
Críticas

[CRÍTICA] ‘Predador: Terras Selvagens’ troca o terror por pura diversão

Vamos ser diretos: esqueça o terror claustrofóbico da selva de O Predador...