
Foto: Max / Divulgação
Chegamos ao episódio 7, o penúltimo da temporada 3 de “The White Lotus”, e a promessa de um clímax explosivo continua à espreita, embora cada passo até aqui tenha sido marcado por uma lentidão quase contemplativa.
O capítulo 7, intitulado “Instinto Matador”, entrega momentos de tensão e confrontos decisivos, mas também evidencia os desequilíbrios narrativos de uma temporada que, até agora, caminha sem muita urgência. Entre socos reais e metafóricos, lutas internas e ameaças veladas, o roteiro de Mike White propõe mais uma rodada de provocações antes do inevitável desfecho.
Sinopse do episódio 7 da temporada 3 da série The White Lotus (2025)
No centro de “Instinto Matador”, Rick (Walton Goggins) finalmente encara Jim Hollinger (Scott Glenn), o homem que responsabiliza pela morte do pai — mas o confronto termina com um simples empurrão e uma fuga regada a excessos com Frank (Sam Rockwell). Enquanto isso, Greg (Jon Gries) tenta comprar o silêncio de Belinda (Natasha Rothwell) com uma oferta de US$ 100 mil, ao mesmo tempo que sua festa opulenta gera desconfortos e revelações.
Gaitok (Tayme Thapthimthong), pressionado por Mook (Lalisa Manobal), reconhece os russos do assalto à joalheria durante uma luta de Muay Thai — cena que serve de espelho simbólico para os inúmeros conflitos do episódio. Já Laurie (Carrie Coon), após romper de vez com as amigas Jaclyn (Michelle Monaghan) e Kate (Leslie Bibb), se entrega a um russo sedutor — e oportunista — numa sequência tragicômica que termina com fuga pela janela.
Timothy (Jason Isaacs), por sua vez, continua sua derrocada silenciosa, anestesiado por álcool, remédios e pensamentos sombrios. Todos os personagens estão em ponto de ebulição… mas será que algo realmente vai transbordar?
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Crítica da 3ª temporada (episódio 7) de The White Lotus, da Max
A analogia com o boxe feita no episódio é precisa — mas não da forma que Mike White talvez tenha imaginado. Se nas temporadas anteriores os conflitos explodiam com precisão cirúrgica, aqui temos uma série de movimentos circulares, golpes ensaiados que raramente acertam em cheio.
A direção aposta em slow motions, trilhas dramáticas e diálogos carregados, mas o acúmulo de estética começa a sufocar o ritmo. A violência está no ar, mas diluída em longos momentos de espera que não rendem a catarse esperada.
Rick e o anticlímax do trauma
A jornada de Rick parecia prometer um clímax emocional forte, mas seu embate com Jim Hollinger soa vazio. O gesto de puxar uma arma, apenas para empurrá-lo e sair correndo, poderia ter sido um momento de redenção contida — mas parece mais um desvio narrativo, mais um “quase” sem impacto real.
A decisão de mergulhar no hedonismo ao lado de Frank tem seus méritos cômicos, especialmente graças à performance carismática de Rockwell, mas pouco contribui para o peso dramático da trama.
Belinda, Greg e o peso do silêncio
Talvez o confronto mais significativo do episódio tenha sido entre Greg e Belinda. O suborno disfarçado de oferta generosa traz ecos do passado da série e serve como comentário sutil sobre poder, culpa e sobrevivência.
A hesitação de Belinda é palpável, e a presença do filho Zion (Nicholas Duvernay) adiciona uma camada moral difícil de ignorar. Mesmo assim, o roteiro flerta com esse dilema, mas evita aprofundá-lo — mais um fio solto que pode ou não ganhar destaque no episódio final.
O trio de amigas finalmente colide
Após episódios de tensões veladas, Laurie, Jaclyn e Kate enfim abandonam as máscaras. A troca de farpas no jantar é ácida, realista e entrega alguns dos melhores diálogos da temporada.
No entanto, a repercussão desse colapso parece quase episódica — Laurie foge para os braços de um russo interesseiro e tudo retorna ao tom de tragicomédia. Ainda assim, há algo catártico em ver essas relações desabarem, ainda que o timing pareça atrasado demais.
Gaitok: da doçura ao instinto assassino?
Gaitok ganha destaque ao identificar os russos como os responsáveis pelo roubo. Seu dilema moral é um dos poucos que parecem de fato caminhar para um ponto de ruptura.
A tensão com Mook, que exige dele “força” e ambição, pode ser o empurrão final para transformá-lo em vetor de violência — o que dialoga com a fala do monge sobre a origem do ódio. A expectativa é que ele seja o elo que conecte diferentes tramas no desfecho, mas será tarde demais?
Conclusão
O episódio 7 da temporada 3 de “The White Lotus” reúne grandes momentos isolados, mas que sofre com a falta de coesão e propósito mais claro. O terceiro ano da série parece cada vez mais uma colcha de retalhos sofisticada, com personagens interessantes presos em tramas desconectadas e, muitas vezes, estagnadas. A promessa de uma explosão no capítulo final persiste, mas é difícil não sentir que o pavio foi longo demais — e que o fogo talvez nem chegue.
A beleza visual, os comentários sociais e as atuações continuam acima da média, mas o desequilíbrio estrutural enfraquece o impacto da série como um todo. Caso o último episódio não consiga atar esses nós soltos com habilidade, corremos o risco de encarar a terceira temporada como um estudo de personagens frustrante, esteticamente impecável, mas narrativamente disperso.
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Onde assistir à série The White Lotus?
A série está disponível para assistir na Max.
Trailer da temporada 3 de The White Lotus (2025)
Elenco de The White Lotus, da Max
- Natasha Rothwell
- Jennifer Coolidge
- Jon Gries
- Walton Goggins
- Sarah Catherine Hook
- Sam Nivola
- Patrick Schwarzenegger
- Aimee Lou Wood
- Leslie Bibb
- Carrie Coon
- Jason Isaacs
- Lalisa Manobal
Ficha técnica da série The White Lotus
- Título original: The White Lotus
- Criação: Mike White
- Gênero: comédia, drama
- País: Estados Unidos
- Temporada: 3
- Episódios: 8
- Classificação: 16 anos