Confira a crítica do filme "Kasa Branca", comédia dramática brasileira que estreou em 30 de janeiro de 2025 nos cinemas.

Foto: Vitrine Filmes / Divulgação

O cinema nacional sempre foi marcado por obras que buscam retratar a realidade social do Brasil, mas nem sempre o fazem de maneira justa. O subgênero dos Favela Movies, popularizado no início dos anos 2000 com títulos como Cidade de Deus (2002) e Tropa de Elite (2007), trouxe um olhar duro sobre a violência e o tráfico, mas muitas vezes deixou de lado a riqueza humana e cultural desses espaços.

“Kasa Branca”, filme dirigido e roteirizado por Luciano Vidigal, surge como um contraponto necessário: um longa-metragem que coloca o afeto e a solidariedade no centro da narrativa, sem ignorar os desafios da vida na periferia.

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Sinopse do filme Kasa Branca

A trama acompanha Dé (Big Jaum), um adolescente negro que assume a responsabilidade de cuidar de sua avó, Dona Almerinda (Teca Pereira), diagnosticada com Alzheimer em estágio avançado.

Enquanto enfrenta dificuldades financeiras, falta de estrutura nos serviços públicos e o abandono paterno – com um pai ausente interpretado por Babu Santana –, Dé encontra na amizade com Adrianim (Diego Francisco), Martins (Ramon Francisco) e Talita (Gi Fernandes) a força necessária para seguir adiante.

Unidos, eles se mobilizam para arrecadar dinheiro, pagar o aluguel e até organizar um evento musical na Kasa Branca, onde o rapper L7nnon promete se apresentar. Mais do que uma história sobre desafios, o longa é um testemunho sobre a resiliência e o amor dentro das comunidades periféricas.

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Crítica de Kasa Branca (2025)

Luciano Vidigal estreia na direção de longas-metragens com uma obra surpreendente, capaz de equilibrar o drama social com momentos de leveza e ternura. Em “Kasa Branca”, ele escapa das narrativas que reduzem a periferia a um espaço de violência, oferecendo um olhar mais profundo sobre as relações de afeto, amizade e cuidado.

A construção dos personagens é um dos grandes trunfos do filme. Dé não é apenas um jovem negro de comunidade enfrentando dificuldades; ele é um ser humano complexo, com sonhos, dores e uma rede de apoio que o impulsiona. A interpretação de Big Jaum é carregada de emoção e verdade, assim como a de Teca Pereira, cuja atuação como Dona Almerinda nos entrega um retrato comovente dos impactos do Alzheimer na vida de uma família.

A importância da coletividade

Outro aspecto brilhante do filme é como ele destaca a importância da coletividade dentro das comunidades periféricas. Se, por um lado, Dé enfrenta uma realidade dura, por outro, ele nunca está sozinho. Seus amigos fazem de tudo para ajudá-lo, e essa cumplicidade gera algumas das cenas mais marcantes do longa. O diretor também dá espaço para que cada um desses personagens tenha suas próprias jornadas, enriquecendo ainda mais a narrativa.

A fotografia de “Kasa Branca” é mais um ponto alto. Em vez de retratar a favela com a estética do perigo e do caos, a câmera de Vidigal capta suas cores, sua energia e, principalmente, a vida que pulsa ali. Pequenos detalhes, como Dé levando a avó até a passarela para ver o trem ou revisitando lugares marcantes do passado dela, tornam o filme ainda mais humano e próximo do público.

Por fim, a trilha sonora, que conta com a participação de L7nnon e DJ Zullu, não só enriquece a experiência cinematográfica, mas também conecta a narrativa à realidade de muitos jovens da periferia, que encontram na música uma forma de expressão e identidade.

Conclusão

“Kasa Branca” é um dos filmes mais importantes do cinema brasileiro recente. Ao invés de romantizar ou estereotipar a vida na favela, Luciano Vidigal entrega uma obra que valoriza a humanidade de seus personagens, destacando o poder do afeto e da solidariedade em um contexto muitas vezes negligenciado pelo cinema nacional.

Além de emocionar, o filme reafirma a potência do cinema brasileiro em contar histórias genuínas, que dialogam diretamente com nossa realidade. Em tempos em que a identidade cultural do país é constantemente colocada à prova, “Kasa Branca” se destaca como uma obra necessária, que merece ser vista pelo maior número de pessoas possível. Porque, no fim das contas, o que realmente nos mantém de pé são os laços que construímos – e esse filme entende isso como poucos.

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Onde assistir ao filme Kasa Branca?

O filme está disponível para assistir nos cinemas.

Trailer de Kasa Branca (2025)

Elenco do filme Kasa Branca

  • Daniel Braga
  • Gi Fernandes
  • Diego Francisco
  • Ramon Francisco
  • Big Jaum
  • Teca Pereira

Ficha técnica de Kasa Branca (2025)

  • Direção: Luciano Vidigal
  • Gênero: drama, comédia
  • País: Brasil
  • Duração: 95 minutos
  • Classificação: 16 anos

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