Wilson Spiler 
Foto: Globoplay / Divulgação
Em sua estreia como diretora e roteirista, Dira Paes entrega “Pasárgada”, um filme que é tanto contemplativo quanto desafiador. Inspirada pela rica biodiversidade da Mata Atlântica, a obra se propõe a ser uma experiência sensorial enquanto explora as contradições e dilemas da protagonista Irene.
No entanto, será que a mistura de temas como o tráfico de animais e as crises existenciais encontra um equilíbrio convincente? É o que vamos descobrir a partir de agora.
Sinopse do filme Pasárgada (2024)
Irene (Dira Paes), uma ornitóloga solitária, embarca em uma expedição na Mata Atlântica para realizar um trabalho clandestino ligado ao tráfico de pássaros silvestres. Enquanto luta para concluir sua tarefa, ela é confrontada por questões pessoais e morais.
A chegada de Manuel (Humberto Carrão), um guia que possui uma conexão quase mística com a natureza, provoca transformações na forma como Irene enxerga sua vida, seu trabalho e seus vínculos. No fundo, a floresta torna-se um reflexo de suas próprias contradições, em um cenário que combina isolamento e reconexão.
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Crítica de Pasárgada, do Globoplay
“Pasárgada” é, sem dúvida, uma obra de beleza visual e auditiva. A direção de som, que rendeu ao filme um prêmio no Festival de Gramado, é um dos elementos mais marcantes, criando uma atmosfera imersiva que transporta o público para o interior da mata. Os cantos dos pássaros e o som da água são tão importantes quanto os diálogos, reforçando a conexão entre a personagem e a natureza.
No entanto, o roteiro apresenta lacunas que comprometem a profundidade narrativa. Irene, apesar de ser uma protagonista intrigante, carece de desenvolvimento suficiente para que suas decisões — como se envolver no tráfico de animais — sejam plenamente compreendidas. Há um esforço em abordar dilemas morais e emocionais, mas a execução muitas vezes soa confusa, deixando questões importantes sem resolução.
A atuação de Dira Paes, como sempre, é competente, mas sua estreia na direção tem altos e baixos. Embora sua sensibilidade para capturar a grandiosidade da natureza seja evidente, há momentos em que o simbolismo visual parece forçado, dificultando a conexão do espectador com os temas centrais. Já Humberto Carrão entrega uma performance convincente e foge do estereótipo de galã, dando naturalidade à relação entre Manuel e Irene.
Outro ponto a se destacar é a relação de Irene com os demais personagens, como Ciça (Ilson Gonçalves). A aspereza entre eles reflete conflitos simbólicos, como a dicotomia entre o urbano e o rural. Contudo, essas tensões não são exploradas a fundo, e a sensação de superficialidade persiste em diversos aspectos do enredo.
Mas o ponto alto de “Pasárgada” é sua capacidade de provocar reflexão no público. Há temas latentes, como a desconexão humana com a natureza, a culpa e o resgate da essência pessoal. Mas a narrativa, muitas vezes, deixa o espectador perdido entre metáforas e subtramas que não se resolvem plenamente.
Conclusão
Com “Pasárgada”, Dira Paes apresenta uma estreia ousada e sensorial, que explora as contradições humanas através da relação entre a protagonista e a natureza. Embora a direção de som e as paisagens sejam fascinantes, o roteiro não entrega a consistência necessária para sustentar a profundidade dos temas propostos.
Ainda assim, o filme oferece uma experiência contemplativa e merece ser visto, sobretudo por quem aprecia o cinema brasileiro e suas nuances culturais. Apesar das falhas, “Pasárgada” é um convite para refletirmos sobre quem somos, quem fomos e como a natureza pode revelar nossos dilemas mais profundos.
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Onde assistir ao filme Pasárgada?
O filme está disponível para assistir no Globoplay.
Trailer de Pasárgada (2024)
Elenco de Pasárgada, do Globoplay
- Dira Paes
- Humberto Carrão
- Peter Ketnath
- Cássia Kis
- Ilson Gonçalves
Ficha técnica do filme Pasárgada
- Direção: Dira Paes
- Roteiro: Dira Paes
- Gênero: drama
- País: Brasil
- Duração: 84 minutos
- Classificação: 14 anos
Sobre o autor
2 thoughts on “‘Pasárgada’: Dira Paes estreia na direção com proposta sensível e desafiadora”