A nova série francesa da Apple TV+, “Carême – O Rebelde da Culinária”, chega às telas com a promessa de misturar alta gastronomia, intriga política e erotismo num só prato.
Inspirada na vida de Antonin Carême, considerado por muitos o primeiro “chef-celebridade” da história, a produção não se contenta em servir um drama de época tradicional — ela o transforma em um espetáculo visual exuberante, repleto de excessos e delícias dramáticas. Mas será que a receita funciona?
Sinopse da série Carême – O Rebelde da Culinária (2025)
Em meio ao caos deixado pela Revolução Francesa, o jovem Antonin Carême (vivido com charme e intensidade por Benjamin Voisin) emerge das ruas de Paris como um prodígio da confeitaria. De ajudante em padarias humildes a cozinheiro de reis e imperadores, sua ascensão meteórica o coloca sob os holofotes da elite napoleônica.
Contudo, suas habilidades vão além da cozinha: Carême é recrutado como espião, manipulado por figuras como o ardiloso Talleyrand (Jérémie Renier) e envolvido em jogos de poder, paixões perigosas e chantagens escandalosas. Entre fornadas e conspirações, ele precisa decidir até onde está disposto a ir por fama, amor e sobrevivência.
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Crítica de Carême – O Rebelde da Culinária, da Apple TV+
“Carême” não esconde suas ambições desde o primeiro frame. A série abraça o melodrama e a estética “glossy” com entusiasmo, desfilando figurinos luxuosos, diálogos afiados e tramas rocambolescas.
É como se The Great e O Urso tivessem um filho francês com vocação para o espetáculo. A produção não quer apenas contar a história de um chef — ela quer transformar o ato de preparar uma sobremesa em uma operação de Estado.
Mas essa exuberância tem um preço. Os dois primeiros episódios parecem por vezes excessivamente recheados, como uma sobremesa que perdeu o equilíbrio entre o doce e o ácido. Espionagem, triângulo amoroso, política internacional, crises existenciais, traições e performances teatrais se atropelam em ritmo acelerado.
Isso torna o começo da série envolvente, mas também um tanto sufocante. Há momentos em que o espectador mal tem tempo de digerir uma reviravolta antes da próxima colherada de drama.
Benjamin Voisin: charme, talento e um toque de arrogância
O maior trunfo da série é, sem dúvida, Benjamin Voisin. Seu Carême é magnético, orgulhoso, espirituoso e deliciosamente irritante. A performance flerta com o exagero, mas nunca o ultrapassa de forma gratuita — ao contrário, ela contribui para compor um personagem que é tanto um gênio quanto um produto de seu tempo.
Sua relação ambígua com o poder (e com os poderosos) o torna fascinante, especialmente quando confrontado com suas próprias contradições morais. O público pode até torcer o nariz para sua arrogância inicial, mas aos poucos é cativado pela complexidade do protagonista.
Cozinha como palco político e sexual
Um dos grandes méritos da série é transformar a gastronomia em ferramenta de poder — literalmente. Carême cozinha para salvar a vida de Napoleão, envia mensagens cifradas em jantares diplomáticos, e usa a confeitaria como sedução (com resultados visivelmente escandalosos).
A cozinha vira trincheira, ringue e alcova. Essa mistura entre o erótico e o culinário pode parecer caricata em alguns momentos, mas faz parte da proposta ousada da série: exibir o exagero como linguagem.
A trilha sonora de Guillaume Roussel reforça esse tom maximalista, com composições grandiosas que acompanham tanto as cenas de ação quanto os devaneios românticos. A fotografia também merece destaque, com sua paleta quente, iluminando cozinhas fumegantes, salões opulentos e momentos de intimidade à meia-luz.
Personagens secundários entre o estereótipo e o potencial
Enquanto Carême brilha, algumas figuras femininas ainda não receberam o mesmo cuidado narrativo. Henriette (Lyna Khoudri) e Agathe (Alice Da Luz) são apresentadas com personalidade, mas rapidamente encaixadas em arquétipos já vistos: a amante apaixonada e a colega determinada que jura não misturar trabalho com desejo — promessa que, como se espera, deve ruir em episódios futuros. Ainda assim, há potencial para que essas personagens ganhem densidade nos capítulos seguintes.
Talleyrand, vivido com astúcia por Jérémie Renier, é outro destaque. Sua presença encarna o cinismo político da época, e suas manipulações são um deleite à parte. Sua relação com Carême é pautada por tensão, respeito e uma boa dose de jogo duplo — uma dança perigosa que promete render frutos narrativos.
Conclusão
Os dois primeiros episódios de “Carême – O Rebelde da Culinária” oferecem um espetáculo rico em sabor, ainda que por vezes indigesto. A série não tem pudor em misturar história com fantasia, romance com crítica social, confeitaria com espionagem — e o faz com energia invejável. Embora nem todas as camadas estejam bem assadas no início, há talento, estilo e ambição suficientes para manter o interesse aceso.
Para quem busca rigor histórico, talvez o prato não agrade. Mas para quem aceita uma ficção francesa embebida em desejo, política e açúcar, “Carême” é um deleite ousado, quase barroco, que transforma um chef em protagonista de uma ópera revolucionária.
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Onde assistir à série Carême – O Rebelde da Culinária?
A série está disponível para assistir na Apple TV+.
Trailer de Carême – O Rebelde da Culinária (2025)
Elenco de Carême – O Rebelde da Culinária, da Apple TV+
- Benjamin Voisin
- Lyna Khoudri
- Jérémie Renier
- Eric Geynes
- Pauline Sagetat
- Jonas Bachan
- Axel Baille
- Geoffrey Carlassare
- Juliette Armanet
- Lolita Chammah
Ficha técnica da série Carême – O Rebelde da Culinária
- Título original: Carême
- Criação: Ian Kelly
- Gênero: comédia, drama, romance
- País: França, Estados Unidos
- Temporada: 1
- Episódios: 8
- Classificação: 14 anos