Sinopse da série Para Sempre (2025)
Crítica de Para Sempre, da Netflix
Um dos grandes méritos da série está em apresentar um romance negro que não nasce do trauma, mas da descoberta, da vulnerabilidade e da beleza cotidiana. Keisha e Justin não são estereótipos: são jovens complexos, cheios de sonhos, contradições e desejos.
A narrativa não evita os desafios que os cercam, mas também não os define por isso. Assim como em Moonlight ou Além dos Limites, há espaço para o afeto, para a leveza e até para o humor, o que torna Para Sempre uma exceção bem-vinda no panorama audiovisual atual.
Atuação magnética e personagens multifacetados
Lovie Simone e Michael Cooper Jr. exibem uma química magnética em tela, equilibrando com maestria a ingenuidade do primeiro amor com a intensidade dos conflitos internos. Enquanto Keisha é movida por disciplina e ambição, Justin vive um dilema entre as expectativas dos pais e seus próprios sonhos ainda não descobertos.
A atuação de Wood Harris como Eric, pai de Justin, merece destaque: seu equilíbrio entre firmeza e ternura quebra estigmas sobre paternidade negra com rara sensibilidade.
As mães também ganham espaço significativo. Dawn (Karen Pittman), protetora ao extremo, e Shelly (Xosha Roquemore), dividida entre amizade e autoridade, representam as complexas dinâmicas familiares que moldam a trajetória dos protagonistas. A série acerta ao dar profundidade a esses adultos, sem apagá-los nem idealizá-los.
Uma estética cuidadosa e moderna
A ambientação em Los Angeles de 2018 é mais do que um pano de fundo: é parte essencial da identidade da série. Com direção de Regina King no episódio de estreia, a produção abraça uma estética urbana vibrante, com fotografia que valoriza os tons de pele negra, figurinos que refletem a individualidade dos personagens e uma trilha sonora impecável — com Frank Ocean, SZA e Snoh Aalegra — que captura o espírito da juventude contemporânea.
Contudo, ainda que os oito episódios tragam profundidade aos personagens, a série por vezes se estende além do necessário. O ciclo repetitivo de términos e reconciliações entre Keisha e Justin pode enfraquecer o impacto emocional de algumas cenas. O espectador, em certos momentos, sente mais o desgaste da separação do que o encantamento da união — um desequilíbrio que prejudica a construção da intimidade ao longo da série.